Reportagem de Marina Lopes para o Zero Hora (13/11) revela o problema enfrentado em Uruguaiana (RS) por produtores vizinhos de arrozeiros. O nome do produto não é citado, mas o fato é que os venenos aplicados no arroz são carregados pelo vento e estão afetando a produção de hortaliças dos agricultores vizinhos.

O destaque da matéria vai para o pouco caso feito pelo pesquisador do IRGA, para quem a contaminação das hortaliças não causa danos à saúde dos consumidores. Fala como se fosse esse o problema. Além da impossibilidade de evitar a contaminação de suas plantações por agrotóxicos indesejados, produtores da região já relataram prejuízos de até 80%.

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Herbicida divide Uruguaiana

Produto usado no arroz estaria causando danos a pequenos produtores

Um impasse entre pequenos agricultores e arrozeiros de Uruguaiana migrou das lavouras para a promotoria e a prefeitura. Denúncias de uso indevido das pulverizações com herbicidas motivaram uma apuração do Ministério Público e uma audiência pública, realizada ontem.

De 2009 para cá, o vereador Luis Risso (PMDB), organizador da audiência pública, recebeu 50 reclamações de produtores de hortaliças e pequenas culturas de que as pulverizações com herbicidas em lavouras de arroz acabam, conforme a intensidade do vento, atingindo e danificando plantações em áreas limítrofes.

Ademir Bertolo e Derlei Vasconcellos têm cerca de um hectare e registraram o prejuízo na Polícia Civil e procuraram a promotoria.

– No ano passado, perdi 80% do que plantei. Este ano, tive de replantar 40%. E o principal mercado para o qual eu fornecia hortaliças me dispensou, porque o consumidor reclama que a folha tem sinais de agrotóxico – explica Vasconcellos.

O diretor técnico do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), Valmir Menezes, explica que não há relato de que o consumo humano de hortaliças atingidas cause dano à saúde:

– Mas é preciso bom senso entre vizinhos produtores, e que os arrozeiros evitem aplicações aéreas, em que o risco de deriva é maior.

Walter Arns, presidente da Associação dos Arrozeiros da cidade, diz que a entidade defende as boas práticas e já treinou mais de cem pessoas para aplicação correta de agroquímicos. O promotor Cláudio Ari Mello ouvirá as partes até o final do mês.

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