É o Brasil cada vez mais se emburacando numa opção monolítica, cada vez mais nas mãos de meia dúzia de multinacionais. O presidente da Abrasem não só estimula o fato como ainda desacredita o trabalho dos produtores que estão se organizando para seguir no mercado de grãos convencionais, como mostra a reportagem abaixo.

 

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Abrasem prevê área de 8,8 milhões de hectares na safra 2011/2012, ante 7,3 milhões de hectares no atual ciclo

Marcela Caetano – O Estado de S.Paulo, 30/03/2011

A aplicação de sementes geneticamente modificadas de milho deve crescer 20% na safra 2011/2012, para 8,84 milhões de hectares. A expectativa é da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem). No atual ciclo 2010/2011 foram cultivados 7,37 milhões de hectares com transgênicos (safras verão e inverno), ou 57,2% do total do País, que chegou a 12,88 milhões de hectares.

A previsão tem como base levantamento da consultoria Céleres. Na área de milho safrinha, o uso da tecnologia disparou. Em apenas três anos a participação dos transgênicos chegou a 75,4%, número próximo aos 76,2% de área semeada na soja em dez anos de uso no Brasil.

A elevação da produtividade, o melhor combate de pragas e aumento da oferta de variedades são alguns dos fatores que estimulam a adoção da tecnologia. “O milho é uma planta alta, o que torna a aplicação de inseticidas complicada. Com o grão transgênico, o manejo ficou mais fácil”, diz o integrante do conselho da Abrasem, Iwao Miyamoto. No caso da soja, a expectativa é que o uso de transgênicos cresça de forma mais modesta, cerca de 5% em 2011/2012. O ciclo atual indica 76,2% de área semeada com OGM, de um total 23,708 milhões de hectares.

Miyamoto acredita que a disposição dos compradores em pagar um prêmio pelo produto convencional, atualmente de R$ 2/saca, está diminuindo. “A soja convencional está virando um nicho. A procura passou de países para empresas.” E pondera que o produtor que se dedica ao plantio convencional e transgênico precisa ter estrutura para colher, armazenar e transportar o grão separadamente. “O prêmio não compensa esse trabalho.”