Ao invés de buscar modernizar suas práticas agrícolas, a indústria se mobiliza para defender seus interesses e manter no mercado antigos produtos tóxicos.

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Aumenta a preocupação com regras da UE para defensivos (sic)

VALOR ECONÔMICO, 29/08/2011

Por Tarso Veloso

Se for levada ao pé da letra, a revisão das regras para o uso de pesticidas na União Europeia poderá prejudicar 59% das exportações agropecuárias do Brasil para o continente em 2014, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag).

O banimento de centenas de agroquímicos no mercado europeu não envolve apenas a própria produção da UE, mas também os resíduos eventualmente encontrados nas exportações para a região. Dessa forma, os insumos que forem proibidos não poderão ser aplicados nas vendas brasileiras ao bloco. A revisão foi definida em 2008. De 1.111 produtos analisados, foram permitidos 215. Os cortes serão realizados gradualmente, até 2014.

Para o Sindag, os produtores do Brasil serão penalizados porque vários defensivos usados no país serão banidos pelo novo regulamento. Segundo cálculos da entidade, 36 dos 49 inseticidas utilizados pelos produtores brasileiros de soja serão proibidos. Para combater a ferrugem asiática, por exemplo, os sojicultores só terão como opção fungicidas com o grupo químico estrobirulinas – que, de acordo com a entidade, são cada vez menos eficientes.

Segundo Silvia de Toledo Ligabó, executiva do Sindag, uma das opções para driblar as restrições europeias é negociar a liberação de defensivos propícios para países tropicais, já que a maioria dos produtos barrados não são usados na UE.