Conforme noticiado pelo Valor Econômico (21/08), aqui no Brasil, a Monsanto já anunciou que elevará os royalties da soja trasngênica em 26%. Em reunião reservada com a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), a Monsanto teria avisado que também elevará a taxa tecnológica cobrada pelo milho transgênico resistente a insetos, mas sem informar o valor.

“Estamos pensando em ir à Justiça porque não temos alternativa”, disse o presidente do Sindicato dos Produtores de Sinop, Antônio Galvan. Segundo o Valor, os produtores ameaçam questionar na Justiça o aumento unilateral apresentado nesta semana.

O acordo para uso das sementes inclui cobrança de 2% sobre o valor da produção em caso de não pagamento dos royalties. Se o produtor declarar não produzir transgênicos e um teste confirmar a transgenia, a multa sobe a 3%. A Monsanto controla a cobrança na entrega dos grãos em tradings e armazenadoras. “Como eles ganham 10% a 15% desse valor cobrado na ´bica´ pela Monsanto, não temos escapatória. Tem que pagar e pronto”, diz Galvan.

Os produtores calculam um aumento de até R$ 20 milhões na arrecadação da multinacional com royalties no Estado. “A soja transgênica já não tem nenhum atrativo econômico para nós. O uso dessa semente cresceu aqui por causa do manejo mais fácil, e não pela redução de custos”, avalia o produtor João Carlos Diel, que cultiva 2,4 mil hectares em Rondonópolis.

Não podemos deixar de achar curioso o espanto dos agricultores com relação às ações da Monsanto. Desde sempre as organizações da sociedade civil envolvidas na luta contra a liberação dos transgênicos no Brasil alertaram sobre os riscos de se apostar num sistema de agricultura dependente de praticamente uma só empresa. Em todo o mundo, a estratégia da Monsanto é a de deixar os agricultores sem opção para impor as sementes e os preços que quiser. Avisos em vão. É triste dizer, mas é quase engraçado vê-los agora reclamar do “aumento unilateral” do valor dos royalties.