O consumidor de produtos orgânicos que se preocupa não apenas com uma alimentação saudável, mas também com os preços, deve fazer compras nas feiras. Nas bancas de rua, é possível achar os mesmos itens por valores bem abaixo dos praticados por supermercados e empresas que entregam em domicílio.

Esta é a conclusão da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que verificou o custo de alimentos orgânicos nos três canais de vendas. O resultado foi uma variação de até 115,29% entre os preços cobrados pelas feiras especializadas neste tipo de alimento e pelos supermercados, como é o caso do tomate. A reportagem é de Carolina Dall’olio e foi publicada no Jornal da Tarde (SP), 21/4/2010.

“As feiras são o canal preferencial de venda das frutas, verduras e legumes orgânicos”, admite Ivo Gramkow, vice-presidente da Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio). Segundo ele, o produtor costuma vender diretamente ao consumidor na feira – já que 70% dos orgânicos do Brasil são cultivados no modelo de agricultura familiar. “E, por não ter os custos de intermediação que existem em supermercados, os produtos tendem a ser mais baratos”, diz.

Para a pesquisadora do Idec, Adriana Charoux, os supermercados cobram mais caro porque embutem uma margem de lucro excessiva nos orgânicos. “Como se trata de um tipo de alimento mais consumido por pessoas de maior poder aquisitivo, as empresas acabam apostando nesse nicho e aproveitam para cobrar mais”, avalia Adriana. “O comprador de produtos orgânicos muitas vezes nem se atenta aos preços. Se ligasse mais para o custo dos produtos, talvez comprasse os alimentos convencionais, com agrotóxicos”, acredita Adriana.

Consumidora de alimentos orgânicos “há muito tempo”, a advogada Nicole Hoedemaker, de 44 anos, confirma que o custo é mesmo uma questão secundária quando o assunto é alimentação saudável – ainda mais se a comida for para o filho Vitório, de 1 ano e sete meses. Mas nem por isso ela ignora as diferenças de preços.

Mensalmente, a advogada encomenda uma cesta de frutas, verduras e legumes orgânicos, que é entregue em sua casa. Mas quando os produtos acabam, ela precisa ir ao supermercado ou à feira. “Eu percebo que aqui é bem mais barato”, afirma Nicole, referindo-se à feira orgânica do Parque da Água Branca, na zona oeste. “Nos supermercados que vendem orgânicos tudo é mais caro do que na feira, porque costumam ser lojas voltadas para um público de maior renda, e por isso cobram mais.”

Martinho Paiva Moreira, vice-presidente de comunicação da Associação Paulista de Supermercados (Apas), conta que os orgânicos são mais caros nas grandes redes por conta dos custos de investigação de cada um dos produtores, e, assim, certificar se a produção é realmente orgânica. “A estrutura de verificação é mais cara”, diz Moreira. “Porque o supermercado tem uma responsabilidade grande, não pode anunciar que o produto é orgânico se ele não for.”

Certificação

Hoje, existem algumas empresas que certificam os produtos cultivados sem agrotóxicos. Mas para controlar a produção desses alimentos no País, o governo federal criou o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica para certificar os alimentos compostos por, no máximo, 5% de ingredientes não orgânicos. Por isso, a partir de janeiro de 2011, quem quiser consumir um alimento realmente orgânico deverá procurar pelo selo oficial.

ENDEREÇOS DE FEIRASDE ORGÂNICOS

PARQUE DA ÁGUA BRANCA

Terças e sábados, das 7h às 12h

Av. Francisco Matarazzo, 455

PARAÍSO

Domingos, das 7h às 12h

Rua Tutóia, 1125 (no estacionamento da Igreja Santíssimo Sacramento)

MERCADÃO

Sábados, das 7 h às 12h

Mercado Municipal – Rua Cantareira, 306

PACAEMBU

Sextas-feiras, das 7h às 12h30

Praça Charles Miller (em frente ao estádio do Pacaembu)

PARQUE PREVIDÊNCIA

Sábados, das 7h às 12h

Rua Pedro Pecinini, 88 (km 18 da Rodovia Raposo Tavares)