Em 26 de maio a BBC Brasil publicou uma alarmante reportagem dizendo que “Fungo letal ao trigo pode ameaçar produção mundial de alimentos”. As novas linhagens do fungo foram descobertas na África do Sul, onde “chegou a destruir 80% das colheitas em algumas temporadas”. Segundo a matéria, “teme-se que agora o fungo esteja migrando. Como ele pode viajar a grandes velocidades, cerca de 160 km por dia, cientistas dizem que pode ser difícil controlá-lo”.

A solução proposta quase em tom de ameaça é o uso de sementes transgênicas. Segundo um cientista citado, “Pesquisas mostram que a engenharia genética do trigo deverá ser aceita se o mundo quiser estar a frente dos fungos letais”.

O que nem a reportagem, nem o cientista mencionam é até hoje nenhuma empresa pública ou privada conseguiu desenvolver sementes transgênicas realmente resistentes a doenças. Só há duas modalidades de sementes transgênicas no mercado: uma feita para tolerar à aplicação de herbicidas (e com isso usar muito mais herbicidas), e outra que produz plantas que são tóxicas a insetos. Todas as outras maravilhas propaladas, como resistência à seca, às doenças fúngicas ou a solos salinos não passam de boas intenções. Ou de boa propaganda mesmo.