Plantio de transgênicos no Brasil cresce 21,5% em 2010

CAMILA MOREIRA – Agencia Estado, 22/02/2011.

O Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agro-Biotecnológicas (ISAAA, na sigla em inglês) revisou hoje para 26 milhões de hectares o plantio de lavouras transgênicas no Brasil em 2010/11. Estimativa divulgada pela consultoria Céleres, representante do ISAAA no Brasil, em janeiro, estimava o cultivo de sementes geneticamente modificadas em 25,4 milhões de ha.

A área estimada agora representa um aumento de 21,5% sobre os 21,4 milhões de hectares plantados em 2009/10, e o Brasil consolida-se como o segundo país que mais planta sementes geneticamente modificadas no mundo. Os Estados Unidos permanecem no topo da lista, com 66,8 milhões de ha. A Argentina vem em terceiro lugar, com 22,9 milhões de ha.

“Concluído o período de plantio, percebemos que a adoção em 2010 foi ainda maior do que o previsto inicialmente. Além disso, do ponto de vista de aprovações de novas sementes, 2010 foi também bastante produtivo”, avaliou em teleconferência Anderson Galvão, sócio-diretor da consultoria Céleres. No ano passado, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a liberação comercial de quatro variedades transgênicas de milho, três de soja e uma de algodão.

De acordo com Galvão, 18,2 milhões de hectares foram plantados com soja e 7,5 milhões com milho na safra 2010/11. Ele destacou que 75% da área total plantada com a safrinha de milho deve ser de transgênicos. É praticamente o mesmo porcentual do que já é plantado com soja. “É importante ressaltar que a soja demorou 13 anos para atingir esse porcentual, que o milho de inverno está atingindo em apenas três anos”. A área plantada com transgênicos na safra verão de milho chegou a 45% em 2010/11, o que leva a um total para o cereal de 57%.

A tolerância a herbicidas é a principal característica vista nas lavouras geneticamente modificadas do País, seguida da resistência a insetos. “Praticamente todos os Estados com relevância agrícola adotam diferentes níveis de biotecnologia. Em 2010, Mato Grosso consolidou sua posição como Estado com maior área plantada com transgênicos, 6,1 milhões de hectares, seguido do Rio Grande do Sul, com 5,2 milhões de ha, e do Paraná, com 4,8 milhões de ha”, completou Galvão.

Entretanto, o analista evitou fazer previsões sobre o aumento do uso de transgênicos no País. “O Brasil, como um dos países que tem maior disponibilidade de área agrícola, deve vivenciar nos próximos anos um expressivo crescimento na área plantada dos principais grãos. Como a biotecnologia já é tida como padrão para a produção, é natural esperar que a adoção cresça de mãos dadas com a expansão agrícola”.

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Plantio de transgênicos cresce em emergentes

Folha de São Paulo, 23/02/2011.

O cultivo de transgênicos voltou a crescer em 2010, puxado pelos países emergentes, onde a demanda por alimentos aumenta de forma significativa e contribui para o elevado patamar de preços dos produtos agrícolas. A alta foi de 17% ante 2009.

Para Clive James, presidente do Isaaa (organização sem fins lucrativos que estuda a biotecnologia na agricultura), o plantio de transgênicos pode ajudar no que muitos já chamam de “crise alimentar”.

Ele ressaltou que uma das características da biotecnologia é o aumento da produtividade por hectare -peça-chave para a expansão da produção agrícola nos próximos anos, considerando as poucas áreas no mundo disponíveis para o plantio.

“O Brasil é o único país com área significativa, com presença de água, onde a produção pode crescer”, afirmou James, que esteve ontem no país para divulgar o relatório anual do Isaaa sobre o cultivo de transgênicos.

“Se a ênfase não estiver em aumento de produtividade, a agricultura deve ir para áreas marginais, o que não é uma boa ideia.” Segundo ele, a cada ano 13 milhões de hectares de florestas tropicais são perdidos nos emergentes.

O Brasil é citado como um bom exemplo. “A produção brasileira de GRÃOS dobrou nos últimos 20 anos, mas a área plantada cresceu 27%”, disse. James atribui o bom desempenho à expansão dos transgênicos no país.

Entre 2005 e 2010, a área plantada com transgênicos passou de 9,4 milhões para 25,4 milhões de hectares.

E a necessidade de rápido crescimento da produção -devido ao forte aumento de consumo provocado pela alta da renda- coloca os países emergentes em destaque no mapa mundial dos transgênicos. Em 2010, eles cultivaram 48% das plantações transgênicas globais e, até 2015, ultrapassarão as nações desenvolvidas, segundo estimativa de James.

Brasil, Argentina, China, Índia e África do Sul devem liderar essa expansão, diz o Isaaa. E a aprovação de novas sementes em culturas como arroz e cana deve impulsionar esse crescimento.

No Brasil Em 2010, o cultivo de transgênicos no país cresceu 19% em relação a 2009, para 25,4 milhões de hectares (a maior expansão do mundo em termos nominais). Da área total de soja, 75% receberam sementes transgênicas; de milho, 55%.

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Soja transgênica avança

Vívian Lessa, para o Gazeta Digital, 23/02/2011

A área plantada com soja transgênica em Mato Grosso aumentou 7,25% na safra 2010/2011, em relação a temporada anterior. São 3,741 milhões de hectares neste ciclo agrícola, contra 3,488 milhões de hectares registrados na safra 2009/2010. Com o desempenho atual, o Estado detém 14,7% da área cultivada com sementes geneticamente modificadas espalhadas pelo país, incluindo várias culturas. O relatório anual do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (Isaaa, na sigla em inglês) mostra que o Brasil é o segundo no ranking mundial onde há maior produção de sementes transgênicas, com 25,4 milhões de hectares. A liderança é dos Estados Unidos onde 66,8 milhões de hectares são plantados com produtos geneticamente modificados.

Os dados mato-grossenses, apurados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apontam que na safra atual o Estado cultivou a oleaginosa transgênica em 59,9% da área destinada para o plantio do grão, totalizando 6,241 milhões de hectares. Na temporada passada, eram 54,4% de uma área de 6,413 milhões de hectares. Segundo o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, no Estado há uma oferta maior da soja modificada. “O custo dessa semente chega a ser 20% maior que a soja convencional. Porém não é preciso usar muito herbicida”.

O gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Luiz Nery Ribas, que integra a diretoria do programa Soja Livre, ressalta que tanto em questão de produtividade quanto de custo a soja geneticamente modificada equivale ao grão convencional. Ele explica que o plantio da oleaginosa transgênica necessita de pouca interferência operacional se comparada a outra variedade. “Os custos são semelhantes. A soja convencional necessita do uso de produtos para evitar o crescimento de matos, já para o plantio da transgênica é preciso um tipo específico de produto, cujo preço aumenta de acordo com a demanda”. Ele acrescenta que alguns compradores de soja convencional acabam pagando mais pelo produto. “Chega a valer entre R$ 1 e R$ 5 a mais por saca”.

Apesar de haver um número maior de produtores que optem pela soja transgênica, ainda há em Mato Grosso sojicultores que não dispensam o uso do grão convencional. É o caso de José Rezende que plantou na última safra 2 mil hectares da soja tradicional na região Leste do Estado. “Já plantei o grão modificado que não me trouxe muito retorno. Por isso tenho preferência pela convencional”.