FAQ – da equipe de pesquisa do CRIIGEN
Protocolo – Resultados – Discussão
http://www.criigen.org/SiteEn/index.php?option=com_content&task=view&id=368&Itemid=130
Tradução: Paulo Cezar Mendes Ramos – Analista ambiental ICMBio; Membro da CTNBio; Coordenador do GT de Agrotóxicos e Transgênicos da ABA
SEÇÃO UM: PROTOCOLO
Por que não usar um alimento variado “referência” sobre seus controles, como fez a Monsanto?
Em ciência, devemos estudar uma variável de cada vez. Podemos assim comparar seriamente apenas a um controle geneticamente semelhante demonstrado ser substancialmente equivalente ao estudar precisamente o efeito do OGM.
Por que não ter usado um método estatístico padrão?
Esses métodos não tem sido julgados satisfatórios pelos organismos especializados para demonstrar a toxicidade para grupos de 10 ratos. No entanto, as diferenças máximas de mortes ou tumores com os controles (600 dias, 2 – 5 vezes mais) falam por si.
Além disso, há uma subestimação dos efeitos tumorigênicos no final de dois anos, comparados aos controles de acordo com os dados dessas curvas. Esta subestimação se deve ao fato de que os controles estão vivendo mais tempo e desenvolvendo patologias, incluindo tumores, no final da vida.
Qual o grau de confiança que existe em diferenças significativas encontradas pelo método estatístico OPLS-DA, não existem valores de p?
Este é um dos mais modernos métodos para tratar um grande número de variáveis, tais como em genómica, na verdade o significado não passa através do valor-p reservado para outros testes.
(Nota do tradutor: OPLS-DA – Análise Discriminante de Projecções Ortogonais para Estruturas Latentes – trata-se de método em Quimiometria Metabonômica e Metabolômica utilizada para análises metabólicas. Dados Metabolômicos podem dar uma visão imparcial de alterações no metabolismo durante as mudanças ambientais, genéticas ou de desenvolvimento. Em vez de rastreamento de somente alguns metabólitos, alterações nas quantidades relativas em 300 a 1000 ou mesmo mais metabólitos podem ser registrados e analisados, cobrindo todas as principais vias metabólicas.)
Por que mostraram as análises bioquímicas no mês 15?
Não poderíamos colocar tudo em um primeiro artigo. Este é o último ponto no tempo quando há mais ratos vivos, que demonstra significância.
Os ratos foram tratados durante o experimento por outras moléculas? Sanitizantes? Antibióticos?
Não. Não com as Boas Práticas de Laboratório em geral, caso contrário êles são excluídos do experimento.
Por que você estava usando duas formulações diferentes do Roundup (com água contaminada e culturas)?
As formulações contém cerca de 500 g/L de glifosato. Elas têm nomes diferentes em países diferentes.
Onde você cultivou o milho e tratou os ratos?
Utilizamos o milho do Canadá porque lá a cultura desse OGM é permitida, ao contrário da França. A experiência com ratos foi realizada na França e as análises foram realizadas em laboratórios diferentes, na França e na Itália, alguns desejam manter o anonimato.
Os proponentes deste tipo de estudo são geralmente empresas industriais e o fato de que uma ONG e uma Universidade desenvolveram este estudo juntos significa que ele é independente e exclusivo.
O milho usado como controle é exatamente o mesmo que os OGM?
Uma identidade genética não é possível devido ao método de produção de sementes, mas é o mais próximo genética e fenotipicamente.
Os diferentes milhos foram cultivados ao mesmo tempo? As condições climáticas eram as mesmas?
Absolutamente sim e geograficamente muito próximas, embora evitando contaminação cruzada.
Quantas vezes os milhos foram tratados? Em que momento?
Uma vez durante a cultura com Roundup, quando tratados. Resíduos de glifosato e AMPA (ácido aminometilfosfônico, principal metabólito microbiano da biodegradação do Glifosato – considerado tóxico – nota do tradutor) em OGM são reconhecidos e regulamentados, mesmo nos tecidos dos animais que os consomem. Renúncias dos direitos para exceder são regularmente concedidas, infelizmente. Este não era o caso para nós.
Houve glifosato na água dos controles?
Não dentro de limites de detecção. Nós mudamos a água semanalmente e contaminamos com as doses precisas indicadas para os tratamentos.
Por que você usou uma média e não uma mediana para o limite de envelhecimento?
É o costume geral; há pouco dito da vida mediana dos franceses por exemplo. Não tiramos dela quaisquer cálculos estatísticos, mas uma marca gráfica.
SEÇÃO DOIS: OS RESULTADOS
Qual é a magnitude da diferença na mortalidade dos controles em relação à norma histórica?
Cada experimento tem suas próprias condições, a norma histórica é muito grande para ser um comparador relevante. Os controles estão na vida normal média, e as nossas diferenças são comparadas com os controles do experimento.
Como você explica a ausência de manifestação de distúrbios bioquímicos nos machos?
Ao contrário, há muitos. No entanto, não são apresentados todos os resultados no estudo, o que era impossível por causa de seu número. Há sempre uma diferença de tempo entre distúrbios bioquímicos, os primeiros a aparecer e lesões patológicas que observamos em ambos os sexos. Nos machos, as lesões patológicas foram anteriores e maiores do que nas fêmeas e essas lesões são as mais notadas.
As mesmas diferenças podem ser encontradas em todos os tratamentos, como você sabe que os controles não são os anormais? Ou que não é devido à sorte?
Nossos controles correspondem aos valores observados nas espécies. Achados patológicos têm explicações lógicas para todos os tratamentos, são consistentes e numerosos o suficiente para não ser relacionados ao acaso; extensivas estatísticas a nível bioquímico são consistentes e demonstram isto. Nossos estudos in vitro são consistentes.
Como você pode ter certeza de que uma depleção tão pequena em ácidos caféico e ferúlico explica também uma grande variedade de patologias?
Existem para nós indicadores compreensíveis para as alterações no metabolismo do milho que poderia ter acontecido, as pegadas lógicas muito interessantes da literatura científica e o nosso trabalho, eles em nenhuma maneira excluem a ação de outros metabólitos tóxicos devido aos OGM e é por isto que estamos a pedir financiamento para análise em proteômica, transcriptômica, a fim de saber detalhes chave mecanísticos dos eventos.
Você tem quaisquer resultados interessantes para as doses de Roundup em tecidos, microbiologia e dosagem transgene?
Sim, nós temos resultados que devem ser concluídos e que nos dão pistas muito interessantes que serão publicadas mais tarde. Várias publicações estão planejadas após este trabalho preliminar.
Por que usar o limite de 17.5 * 17.5 mm nos machos e 20 * 20 mm nas fêmeas para contagem de tumores?
Porque é o tamanho-limite em que mais de 95% dos tumores são não-regressivos.
O que é a base para determinar os critérios de patogenicidade utilizados na tabela 2? Que classificação você usa?
Por eliminação diferencial dos menores intervalos.
Mediram-se com resíduos de glifosato no NK603 ou o alimento seco?
Sim, nós checamos o seu uso e a presença de todos os pesticidas. Os valores foram abaixo os limites regulamentares. Os limites de quantificação em diversas matrizes são diferentes.
Você indica um efeito de estresse oxidativo em ratos devido a seus tratamentos, os marcadores de estresse oxidativo estão corrompidos?
Sim para os citocromos no fígado e o GST, por exemplo.
(Nota do tradutor: Glutationa S-transferase (GST) é uma família de enzimas que desempenham um papel importante na desintoxicação de xenobióticos.)
O milho tem sido pulverizado com outros pesticidas? Encontraram-se com outros resíduos?
Sim, normalmente, não eram culturas orgânicas que nós poderíamos testar daí por diante. Não há nenhum pesticidas acima do limite de quantificação em alimentos.
SEÇÃO TRÊS: DISCUSSÃO
Os resultados que você encontrou neste estudo são correspondentes aos distúrbios encontrados nos testes subcrônicos reanalizados anteriormente em suas publicações, que a Monsanto sub-interpretou?
Sim, há sinais de toxicidade hepatorrenal que foram publicados anteriormente depois de apenas 90 dias de tratamento, que são relatados firmemente como patologias em nossa experiência a longo prazo.
Você acha que essas patologias podem ser transmissíveis aos seres humanos?
Muito geralmente, sim, mas não todas. Na verdade, quaisquer sinais de toxicidade em ratos devem ser tomados em conta para a proibição de um produto. Há 50 anos os estudos são realizados em ratos ou células humanas para produtos que não são testados em seres humanos (onde eles testam apenas drogas, não testam OGMs, nem pesticidas e nem químicos). E, para drogas, testes em ratos ou 2-3 mamíferos precedem qualquer ensaio clínico. Se mostram efeitos graves, os seres humanos não são tratados em seguida. Distúrbios hormonais são certamente relevantes para as mulheres para contribuir para tumores de mama e efeitos hepatorrenais foram encontrados em células humanas in vitro.
Por que você cita Zhang et al. 2012 como referência? Esta referência não se relaciona com OGMs.
Uma hipótese é que novo micro RNA produzido por OGMs pode interferir com o metabolismo. Nós não poderíamos deixar isto não dito, mas temos outras hipóteses explicativas.
Como você explica que os efeitos não são encontrados nas populações humanas? Ninguém nunca notou um aumento no câncer de mama em populações expostas ao Roundup?
Há uma explosão no número de tumores de mama que não são explicados por estudos epidemiológicos. Lembramos-lhe que os OGMs não estão sendo rotulados, o consumo de OGM nos EUA não está listado, nem para o uso do Roundup ao redor do mundo.
Recomenda-se a experimentar em 50 ratos para estudo estatutório sobre a carcinogênese. Qual o valor de trazer seus resultados em 10 ratos?
Foram estudados 200 ratos, 10 ratos/grupo. Estudos bioquímicos legais são recomendados pela OCDE em no mínimo 10 ratos por grupo.
Nenhum estudo legal que permitiu a autorização dos OGM tinha mais de 10 ratos medidos por grupo.
Portanto, fizemos os testes mais robustos do mundo, especialmente porque estávamos a analisar a longo prazo.
Nós não poderíamos antecipar os resultados dos tumores, mas nós observamos e os registramos neste estudo, o que era normal, não é o estudo dos efeitos de carcinogênese específicos com 50 ratos/grupo que não teria permitido observar os efeitos hepatorrenal e outros.
As concentrações de ácido ferúlico encontradas são correspondentes as indicadas na experiência da Monsanto?
A Monsanto infelizmente não mediu as concentrações de ácidos hepatorrenais e mama-protetor diretamente na dieta, mas apenas uma vez o ácido ferúlico no milho e no controle de OGM.
Você diz que 76% dos parâmetros no rim estão perturbados, em que isto mostra toxicidade? Eu não entendo esse método.
Registramos todos os parâmetros perturbados em comparação aos controles e comparamos com o número de parâmetros relacionados com a atividade renal, sobre o conjunto de todos os parâmetros. Nós temos 48% dos parâmetros renais entre todos os parâmetros medidos, ainda 76% dos perturbados são marcadores da atividade renal! Qualquer médico iria entrar em pânico para um paciente neste caso. A distribuição não pode ser devido ao acaso. (Esta figura foi 42% em uma de nossas publicações anteriores, de parâmetros perturbados, 24,9% medidos no rim de machos e um consumo trimestral em média de 19 OGMs, normas de ensaios). O rim é 1,5 vezes mais afetado do que outros órgãos.
Roundup aumenta o tempo de vida em machos? Isso não é um melhor indicador da segurança deste herbicida? Esse aumento é dose-dependente do mesmo. Estranhamente você não falar sobre isso, por que?
Deixamos a você esta interpretação equivocada! Machos tratados eram mais doentes do que os controles em todos os casos, mesmo em um caso em cada 6 tratamentos (3 machos + 3 fêmeas) não havia nenhuma mortalidade extra em qualquer dose antes de espectativa média de vida. Porém, estes ratos perdem peso (discutido em outra publicação) e isso pode dar-lhes alguma resistência.
Você comparou os resultados com os do estudo japonês de Sakamoto, ou algum outro? Ao contrário do que você diz você não é o primeiro a estudar a segurança de um OGM por 2 anos.
Sim. Nenhum foi tão abrangente como o nosso, e nenhum é sobre o milho NK 603 além de 3 meses.
Por que você escolheu ratos Sprague Dawley?
Este é o modelo mais comum nesses estudos, o mais conhecido.
Você já fez o estudo em um ambiente de Boas Práticas de Labortório, é o estudo BPL? O fato de não sê-lo não o denigre?
Não havia nenhum protocolo padrão para este tipo de estudo muito longo com OGM, nós o estabelecemos enquanto o aprimoramos. Este é o primeiro no mundo. Assim, não poderia haver qualquer padrão previamente definido para esse tipo de teste. Além disso, esta pesquisa é um protocolo onde adicionamos juntamos análises, bioquímica e microscópica para entender o que estava acontecendo. Agora ele pode servir de exemplo para estabelecer padrões para BPL para OGMs, muito mais sérios do que o que as agências de saúde fazem hoje que não trabalham honestamente nem cientificamente. No entanto, nós fizemos isso em um ambiente de laboratório BPL, claro.
Produzido pela equipe do Prof. Séralini.
O artigo em pauta é um verdadeiro desastre em todos os aspectos, além de não ser de jeito nenhum o primeiro que investiga a segurança dos alimentos GM em experimentos de longo prazo ou múltiplas gerações, como alardeia seu autor principal.
O principal problema é, evidentemente, a escolha de uma linhagem de ratos que tem uma altíssima incidência de tumores espontâneos em diferentes tecidos, em diferentes órgãos. Na deesa do artigo os autores dizem, na penúltima resposta, que usaram esta linhagem por que é a mais usada neste tido de ensaios. NUNCA! Ensaios alimentares de longa duração não podem ser feitos nesta linhagem EXATAMENTE por causa da elevadíssima incidência de tumores nos animais alimentados ad libitum. Na última resposta eles se defendem de que não havia um protocolo experimental disponível: para esta linhagem, certamente não, porque ela NÂO PODE SER empregada para isso. Mas para estudos alimentares é só rever os mais de dez papers citados na revisão de Snel et al., (abaixo), publicada na mesma revista que agora pretende lançar o texto sem fundamento do Séralini e sua equipe.
Para que os leitores possam ter uma visão das críticas severas ao artigo, que nada tem a ver com a Monsanto, sugiro ficarem de olhos bem abertos às réplicas, que já circulam na internet, e que leiam os dois comentários abaixo:
http://genpeace.blogspot.com.br/2012/09/artigo-que-mostra-o-surgimento-de.html
http://genpeace.blogspot.com.br/2012/09/artigo-sobre-efeito-de-milho.html
Veja também o link abaixo para uma revisão sobre muitos estudos de longo prazo, muito melhores e anteriores ao junk science em pauta:
Chelsea Snella, Aude Bernheimb, Jean-Baptiste Bergéc, Marcel Kuntzd, Gérard Pascale, Alain Parisf, Agnès E. Ricrochb. Assessment of the health impact of GM plant diets in long-term and multigenerational animal feeding trials: A literature review. Food and Chemical Toxicology Volume 50, Issues 3–4, March–April 2012, Pages 1134–1148
Paulo Andrade
Depto. Genética/ UFPE
Paulo Andrade, que enviou o comentário acima, foi um dos relatores quando da aprovação do milho NK 603 pela CTNBio em 2008. Curiosamente, o rigor agora demandado para a publicação de Séralini et al não é o mesmo que foi aplicado para a liberação, que sequer apresentou estudos de longo prazo. – http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/12323.html
O tempo já passou, o artigo do Séralini está suficientemente desacreditado por toas as academias que já se pronunciaram e por uma grande massa de cientistas, mas ainda assim é preciso voltar a um ponto: os estudos de longa duração. Eles devem ser realizados, sim, mas apenas quando os estudos de curta duração, com doses muito mais elevadas da “toxina”, mostram algum problema. Ora, a “toxina” do milho NK603 é a proteína EPSPS, ubíqua e produzida, inclusive pelo milho comum (com uma semelhança acima de 97% com a proteína transgênica). Não há razão alguma para imaginar que tal proteína seja tóxica, pois consumimos a dita cuja em nossa dieta a dezenas de milhares de anos. Mesmo assim, os estudos de toxicidade aguda foram feitos e indicaram a ausência de qualquer efeito. Por isso (e não porque a CTNBio foi relaxada) não se exige estudo de longo prazo.
Entretanto, estes “estudos” existem, de muito mais longo prazo e com um número muitíssimo mais alto de animais: a alimentação de nossos animais de criação e companhia com produtos derivados de plantas transgênicas que contêm esta proteína. Relatos de problemas: zero.
A CTNBio não tem obrigação de exigir ensaios a logo prazo e a RN-05 pede que a proponente os mostre, “se houver”. Entretanto, caso os resultados de toxicidade aguda mostrassem, mesmo de forma tímida, problemas de segurança alimentar, a CTNBio poderia pedir estudos de longo prazo. Estes, contudo, não seria feitos com ratos Sprague-Dawley, porque nem quem faria os estudos nem os membros da CTNBio são tolos ou mal intencionados.
A discussão gerada a partir da publicação estudo de Séralini et al. mostra exatamente o oposto, que os problemas só passam a aparecer no médio prazo (> 90 dias) e que estes não necessariamente respondem à equação dose-efeito. O tempo já passou para quem não quer ver que desacraditado é o que a cntbio fez e faz até hoje.
Sobre o pronunciamento das academias, vale conferir o boletim 616 da AS-PTA: Será que as academias de ciências rejeitaram o estudo sobre milho da Monsanto?
http://aspta.org.br/campanha/boletim-606-26-de-outubro-de-2012
as-pta disse “A discussão gerada a partir da publicação estudo de Séralini et al. mostra exatamente o oposto, que os problemas só passam a aparecer no médio prazo (> 90 dias) e que estes não necessariamente respondem à equação dose-efeito.”
O estudo do Séralini não mostra nada. Ele não é conclusivo e já foi rechaçado por diversas academias e por centenas de pesquisadores no mundo todo. Citá-lo é inútil e só semeia a confusão.
Nota: O fato mesmo de ter sido lançado com estardalhaço na mídia e acompanhado de um livro ruim e de um filme que foi classificado como “escrito com os pés” já basta para deixar todos nós de orelha em pé. Some-se a isso os trabalhos anteriores do homem e seu papel no Criigen para a gente desde logo duvidar da isenção do Séralini. Mais valem os trabalhos resenhados pela Snell, alguns de muito longa duração como o que acompanhou dez gerações de codornas.
http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2011/10/poder-de-comissao-que-libera-transgenicos-e-questionado
“Paulo Paes de Andrade é sócio da Biogene, uma empresa que atua na área de biotecnologia. Sediada em Recife, recebeu da CNTBio um certificado de qualidade em biossegurança.”
Proof that EFSA used double standards to attack Seralini
Tuesday, 30 October 2012 15:42
NOTE: The following are extracts from an important new report that shows in detail how the European Food Safety Authority (EFSA) used double standards to attack Seralini’s paper. We recommend reading the report in full. It is only 14 pages in length including all the references and is very clearly written, and is accessible to the non-specialist. It also includes a useful table (page 11) directly comparing the different aspects of Seralini’s study with other studies that EFSA has accepted without problem to support the approval of GM foods.
EXTRACTS: …we believe that none of [the studies discussed in this briefing] describing chronic feeding studies with genetically engineered plants have met the standards being used by EFSA to criticize the research of Seralini et al., 2012. The comparison with the studies reviewed by Snell et al. (2011) shows that Seralini’s research was conducted using comparatively higher scientific standards.
In conclusion, EFSA does not apply OECD standards to sub-chronic, 90-day feeding studies when these are prepared by industry and do not show health effects from consuming genetically engineered foods. In contrast, the OECD standards have been used by EFSA to attack the research of Seralini et al., 2012.
…The results should be taken seriously and used as a starting point for further investigations, as has been proposed by the French food safety and biotechnology authorities (ANSES 2012).
The European Food Safety Authority: Using double standards when assessing feeding studies
Christoph Then
A Testbiotech background, 30 October 2012
http://www.testbiotech.de/en/node/727
Opinions of the authority show a bias in the scientific standards applied to risk assessments of genetically engineered plants
Summary
Recently published research on chronic (long term) animal feeding trials using genetically engineered maize (NK603) and the herbicide Roundup has been harshly criticised by the European Food Safety Authority (EFSA 2012). The research was led by French Professor Gilles-Eric Séralini of Caen University (Seralini et al. 2012) and although it was published in the peer-reviewed journal Food and Chemical Toxicology, the results were criticised by EFSA for not meeting specific scientific standards such as for example set out by the OECD (EFSA 2012a).
However, detailed analysis of former EFSA opinions shows that the authority has not taken a consistent approach when examining such scientific research. On a number of past occasions, EFSA has accepted without question the results from publications, on the risk assessment of genetically engineered plants, that are not in accordance with the scientific standards now being applied by EFSA to criticise the French study.
Unlike Seralini et al. (2012), these earlier studies did not conclude that there were any health impacts from eating genetically engineered plants. This inconsistency suggests that EFSA is ‘picking and choosing’ when to apply the scientific standards. There also is evidence that the food safety authorities of EU Member States are using similar double standards. For example, the Netherlands Food Safety Authority (NWVA, 2012) referred to a review paper by Snell et al. (2011) in order to refute the findings of Séralini et al. (2012). The review covered 12 chronic feeding studies using genetically engineered plants, and concluded that they did not show any health risks. But an analysis of the studies included in Snell’s review shows that none of them met the same scientific standards that are now being applied by NWVA and EFSA to criticise Séralini et al. (2012).
In some respects, the standards used by Séralini et al. (2012) appear to be higher than those of the studies being used by EFSA and NWVA to refute his findings. Seralini’s research seems to be the most comprehensive long term health study on genetically engineered plants to date. Also the French national food safety authorities (ANSES, 2012) – despite their criticism – have noted that the range of criteria examined was far wider than other long term studies. Furthermore, the German authorities (BfR, 2012) have pointed out that this research is the only long term study anywhere in the world to assess the health risks of the herbicide formula Roundup. The response to the findings of Seralini et al. should be new experimentation, rather than ad hoc refutations founded in assumption-based reasoning.
By failing to challenge the scientific standard of studies which do not show adverse health effects from genetically engineered crops, while at the same time attacking studies that indicate evidence of harm, European Union authorities such as EFSA are applying double standards and follow a biased approach. The authorities seem to be influenced by the presumption that genetically engineered plants should be regarded as safe and seem to be using the debate on scientific standards to defend their own opinions.
In view of the findings of Seralini et al (2012), the burden of proof should be shifted back to industry. Genetically engineered maize NK603 and the Herbicide Roundup maize cannot be regarded as being safe, so long as their safety is not proven by further investigations.
Further, in view of the debate arising from Séralini et al. (2012), the standards used in recent years for the risk assessment of genetically engineered plants and pesticides should be revised and reshaped, in order to achieve a higher level of protection for consumers and the environment. In addition, independent risk research should be promoted by EU research programs with a much higher priority…
[on EFSA’s criticisms of Seralini’s research]
…we consider EFSA’s statement on this issue [the spontaneous occurrence of tumours in Sprague-Dawley rats, the strain used in Seralini’s experiment] to be misleading, particularly the assertion that the spontaneous occurrence of tumours in these rats was “neither taken into account nor discussed in the Seralini et al. (2012) publication.” Seralini et al demonstrate two different findings, both an increase in the number of tumours and an earlier onset of tumours in rats fed on the GE plant or the herbicide. Thus the researchers did not just measure the number of tumours over the lifetime of the rats. Further to support their conclusions, Seralini et al. (2012) compared their results to tumour rates in other published studies using this strain of rat. So they do appear to have been aware of the issue, and to have taken it into account.
EFSA’s assessment of subchronic feeding studies
EFSA does not request sub-chronic or chronic toxicological feeding studies when assessing the health risks of genetically engineered plants. But in many cases, results from sub-chronic feeding studies are voluntarily provided by product developers.
Séralini et al. (2012) set out in their research to test the value of 90 day sub-chronic feeding trials. Thus they designed their experiment to conform with OECD guideline 408 for 90-day trials, but then extended the length of the test to examine further health impacts which became apparent towards the end of the 90 days period. The researchers used ten animals per group, which is in accordance with OECD Guidelines 408 for subchronic feeding studies.
We are not aware of sub-chronic toxicological feeding studies having been accepted by EFSA with fewer than 10 animals in each test group, as required by OECD (OECD Guideline 408), thus in regard of number of animals, the OECD criteria seem to be fulfilled. However the OECD Guidelines also request at least three dose levels. In other words, genetically engineered plant material should be included in the feed of test animals at low, medium or high concentrations. This allows the study to establish if there is a relationship between the dose and any observed health effect.
Seralini and colleagues did use three different dose levels in their study. In contrast, and despite OECD guidelines, EFSA routinely accepts 90 days studies with only two dose levels of genetically engineered plants in the animal feed. Indeed, when EFSA originally assessed the safety of NK603 maize, the 90 day feeding study submitted by Monsanto used only two dose levels of the genetically engineered maize (Hammond et al. 2004).
So 90-day feeding studies submitted to EFSA by product development companies do not routinely meet OECD guidelines, and yet the results are accepted by EFSA.
The design of sub-chronic feeding studies that have been accepted by EFSA have also not been in accordance with OECD standards in respect of the numbers of test groups used in the trials. In most cases, biotech companies use many more groups for comparison than is required by the OECD guidelines. The OECD Guideline 408 proposes only one group for comparison and a smaller additional (“satellite”) group for ensuring quality standards, containing only five animals.
Monsanto’s feed trials for NK603 maize (Hammond et al. 2004) used ten groups (per sex) but only two of these groups were fed with the genetically engineered maize NK603. All other groups, fed with various maize varieties (not just the isogenic line), were used for comparison and for additional references. Overall, 80 animals were fed with genetically engineered maize, but their data was compared against that from 320 animals from the reference and control groups. As a result, the statistical noise stemming from the additional reference groups threatens to cause a bias in the interpretation of the data, hiding relevant biological effects and significant differences.
90-day feeding studies, such as that by Hammond et al. (2004), follow standards set by industry. Although the OECD guidelines were not adhered to in these studies, the results were accepted by EFSA. Having accepted several industry-sponsored feeding studies using these standards, including those for genetically engineered maize MON810 and MON863, EFSA published its own guidance on 90-day feeding studies for whole food and feed (EFSA 2011). The standards in EFSA’s guidance show little difference to those established by product developers which have a vested interest in the outcome of the risk assessment. In effect, the industry standards were adopted as the official standards of EFSA, with the explanation that OECD standard 408 was not adequate for this type of investigation.
So, the experimental designs used for 90 days feeding studies that are accepted by EFSA are not in compliance with the OECD standards. As a consequence, the findings and the methodology of these 90 day feeding studies have been a matter of controversial debate for years (see for example Spiroux et al., 2009).
In conclusion, EFSA does not apply OECD standards to sub-chronic, 90 day feeding studies when these are prepared by industry and do not show health effects from consuming genetically engineered foods. In contrast, the OECD standards have been used by EFSA to attack the research of Seralini et al., 2012.
…
Discussion
On the basis of the studies discussed in this briefing, we believe that none of them describing chronic feeding studies with genetically engineered plants have met the standards being used by EFSA to criticize the research of Seralini et al., 2012. The comparison with the studies reviewed by Snell et al. (2011) shows that Seralini’s research was conducted using comparatively higher scientific standards (see table 2).
In this context, it also should be recognised that the OECD Guidelines are not based on a process that can be considered independent from vested interests. For example, the International Life Sciences Institute (ILSI) is mentioned as a source in the OECD Guidelines. ILSI is an institution funded by the food and biotechnology industries. Beyond this, there is a wider issue of whether feeding studies, even if in compliance with the standards of the OECD, are adequate to assess health risks of genetically engineered plants. That is why according to the EU Commission (2012), the current standards will be reviewed within the next few years:
“The requirements regarding animal feeding trials in the context of GMO risk assessments should be reviewed in the light of the outcome of this project expected to be available by the end of 2015 at the latest.”
In comparison to other studies, Seralini and colleagues used the most comprehensive criteria to assess health impacts, including a high number of samples and measurement of hormone levels (for more details see Seralini et al,. 2012, table 1). The French food safety authorities have also stated that the investigations in Seralini et al., ( 2012) covered a broader range of criteria than, for example, Sakamoto, et al. (2008). (See ANSES, 2012, table page 15 and also ENSSER, 2012).
Conclusion and recommendations
While there may be some problems with the methods used by Seralini et al. (2012) in their feeding trials, we believe their findings are still very important.
In comparison with previous feeding studies, mentioned by EFSA and NWVA, the research of Seralini et al. (2012) was conducted to higher scientific standards. The results should be taken seriously and used as a starting point for further investigations, as has been proposed by the French food safety and biotechnology authorities (ANSES 2012).
In contrast to their response to Seralini et al. (2012), when assessing applications for the approval of genetically engineered plants, European and national authorities often appear uncritical of the methods used by studies which do not show any adverse effects from the genetically engineered material. For example, the GMO Panel of the European Food Safety Authority has accepted such studies, even when they do not meet the OECD Guidelines for chronic toxicity or carcinogenicity studies.
From this evidence, it appears as if EFSA and some other EU authorities are taking a biased approach and applying differing standards during risk assessment. The outcome of their opinions seems to be influenced by a presumption in favour of the safety of genetically engineered plants.
This feeds a perception of selective evidence-gathering by EFSA, and that it favours the applicants who have a vested financial interest in the marketing of pesticides and genetically engineered plants.
After creating a history of certifying the safety of these products, it could be argued that EFSA and national authorities have a conflict of interest when it comes to reassessing their own conclusions. Indeed, their published statements on the work of Seralini et al. (2012) seem to be an attempt to refute any doubts about the safety of genetically engineered products and to defend previous opinions.
Based on our findings, we make the following recommendations:
The findings of Séralini et al. (2012) should be the subject of further experiment and investigation, rather than being dismissed. Given that consumers could be exposed to some of the relevant products each and every day, a high level of precaution is warranted.
In our view, EFSA has not earned a reputation of credibility for taking a final judgment on the research of Seralini et al. (2012). So we recommend that another scientific body be established on a ad hoc basis to deal with the assessment of this publication. That body should be assembled from appropriate experts free of financial conflicts of interest and independent of past contributions to EFSA decision making.
Genetically engineered maize, NK603 and the herbicide Roundup cannot be regarded as being safe, so long as their safety is not proven by further investigations. In view of the findings of Séralini et al (2012), the burden of proof should be shifted back to the product developer.
In view of the debate arising from the research of Seralini et al. (2012), the standards used in recent years for the risk assessment of genetically engineered plants and pesticides should be revised and reshaped, in order to achieve a higher level of protection for consumers and the environment.
Furthermore, independent risk research should be promoted by EU research programs with a much higher priority.
http://www.gmwatch.org/latest-listing/51-2012/14372-proof-that-efsa-used-double-standards-to-attack-seralini
Ainda sobre o estudo de Snell:
Controversy on GMO’s health effects
Written by Frédérique Baudouin
Thursday, 19 January 2012
A recent article (Snell Chelsea et al., Food and Chem. Tox.) provokes debate in December 2011. It was co-signed by Gérard Pascal who has contributed to allow the authorization of a large number of GMOs in french regulatory authorities. After reviewing – that is what he said – twenty-four long-term or over several generation studies, Gérard Pascal pretends that the latter demonstrate that GMOs in food are safe. Of course, this gentleman obediently produces the results of the manufacturers explaining that all significant effects compared to controls are not a problem as they are included within the “normal biological variation.” So what is the point of having controls in an experiment then ? He does not carry out the statistics again, unlike we did.
The authors qualifie as “long term” tests conducted over a few months on salmon or macaques, over two years on cows that live fifteen years, and that only lasted for a few weeks on chickens or quails, and they did not notice either that all these studies were not requested before the commercialization of the GMOs in question. Our reviews largely consulted by the scientific community (Séralini et al. Env. Sci. Europe, 2011, 23, 10-20, see the link on our website in the welcome page) detailing the contrary are ignored, which is not at all ethical from a scientific point of view.
Never mind the subjectivity! Worse, the large number of long-term studies by Malatesta and colleagues on mice eating soybeans with Roundup, that we had already identified as highlighting the negative effects of GMOs (in depths liver, pancreatic, testicular cell disorders) are considered as showing nothing to the despair of the authors in their conclusion!
They re-judge international publications as they pleas, transform the findings or ignore them for very dubious or misleading reasons like: “the GM soy might not have grown next to a field non-GMO control before being eaten by mice!” When one is concerned by such matters instead of thinking about public health, isn’t there a risk of creating generations of students who will be ashamed of science? A perfect “stage” for contradictory expertise !
http://www.criigen.org/SiteEn/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=83&Itemid=121
Muito esquisito esse principio de não realizar estudos de longa prazo. Deveria-se mostrar qual a base teórica dessas afirmações. O álcool então não teria problema a ser consumido a longo prazo, e a cirrose hepática seria um mistério. O cigarro também não teria ligação alguma com câncer de pulmão, pois aparece apenas em longos anos, sem maiores danos imediatos.
Imagino que bastam esses exemplos acima para demonstrar a ausência de coerência e até mesmo bom senso em não se realizar estudos de longo prazo. Se questionam o artigo que critica os OGM, deve-se ver se quem o critica não é um cientista “pago” para fazer lobby. E como apresentado no texto da Daniela acima, volta-se ao ditado romano: “aos amigos (indústria OGM) a liberalidade; aos inimigos, a lei”.
Que se critique com a mesma coerência os estudos que liberam OGM e os que os desabonam e ai sim teremos informações e posturas confiáveis.
Seralini and Science: an Open Letter
October 2, 2012 Biotechnology, Commentaries, Health 2 Comments
A new paper by the French group of Gilles-Eric Seralini describes harmful effects on rats fed diets containing genetically modified maize (variety NK603), with and without the herbicide Roundup, as well as Roundup alone. This peer-reviewed study (Seralini et al., 2012), has been criticized by some scientists whose views have been widely reported in the popular press (Carmen, 2012; Mestel, 2012; Revkin, 2012; Worstall, 2012). Seralini et al. (2012) extends the work of other studies demonstrating toxicity and/or endocrine-based impacts of Roundup (Gaivão et al., 2012; Kelly et al., 2010; Paganelli et al., 2010; Romano et al., 2012), as reviewed by Antoniou et al. (2010).
The Seralini publication, and resultant media attention, raise the profile of fundamental challenges faced by science in a world increasingly dominated by corporate influence. These challenges are important for all of science but are rarely discussed in scientific venues.
Gilles-Eric Seralini
Gilles-Eric Seralini
1) History of Attacks on Risk-finding Studies. Seralini and colleagues are just the latest in a series of researchers whose findings have triggered orchestrated campaigns of harassment. Examples from just the last few years include Ignacio Chapela, a then untenured Assistant Professor at Berkeley, whose paper on GM contamination of maize in Mexico (Quist and Chapela, 2001) sparked an intensive internet-based campaign to discredit him. This campaign was reportedly masterminded by the Bivings Group, a public relations firm specializing in viral marketing – and frequently hired by Monsanto (Delborne, 2008).
The distinguished career of biochemist Arpad Pusztai, came to an effective end when he attempted to report his contradictory findings on GM potatoes (Ewen and Pusztai, 1999a). Everything from a gag order, forced retirement, seizure of data, and harassment by the British Royal Society were used to forestall his continued research (Ewen and Pusztai, 1999b; Laidlaw, 2003). Even threats of physical violence have been used, most recently against Andres Carrasco, Professor of Molecular Embryology at the University of Buenos Aires, whose research (Paganelli et al. 2010) identified health risks from glyphosate, the active ingredient in Roundup (Amnesty International, 2010).
It was no surprise therefore, that when in 2009, 26 corn entomologists took the unprecedented step of writing directly to the US EPA to complain about industry control of access to GM crops for research, the letter was sent anonymously (Pollack, 2009).
2) The Role of the Science Media. An important but often unnoticed aspect of this intimidation is that it frequently occurs in concert with the science media (Ermakova, 2007; Heinemann and Traavik, 2007; Latham and Wilson, 2007). Reporting of the Seralini paper in arguably the most prestigious segments of the science media: Science, the New York Times, New Scientist, and the Washington Post uniformly failed to “balance” criticism of the research, with even minimal coverage of support for the Seralini paper (Carmen, 2012; Enserink, 2012; MacKenzie, 2012; Pollack, 2012). Nevertheless, less well-resourced media outlets, such as the UK Daily Mail appeared to have no trouble finding a positive scientific opinion on the same study (Poulter, 2012).
3) Misleading Media Reporting. A key pattern with risk-finding studies is that the criticisms voiced in the media are often red herrings, misleading, or untruthful. Thus, the use of common methodologies was portrayed as indicative of shoddy science when used by Seralini et al. (2012) but not when used by industry (see refs above and Science Media Centre, 2012). The use of red herring arguments appears intended to sow doubt and confusion among non-experts. For example, Tom Sanders of Kings College, London was quoted as saying: “This strain of rat is very prone to mammary tumors particularly when food intake is not restricted” (Hirschler and Kelland, 2012 ). He failed to point out, or was unaware, that most industry feeding studies have used Sprague-Dawley rats (e.g. Hammond et al., 1996, 2004, 2006; MacKenzie et al., 2007). In these and other industry studies (e.g. Malley et al. 2007), feed intake was unrestricted. Sanders’ comments are important because they were widely quoted and because they were part of an orchestrated response to the Seralini study by the Science Media Centre of the British Royal Institution. The Science Media Centre has a long history of quelling GMO controversies and its funders include numerous companies that produce GMOs and pesticides.
4) Regulator Culpability. In our view a large part of the ultimate fault for this controversy lies with regulators. Regulators, such as EFSA (the European Food Safety Authority) in Europe and the EPA (Environmental Protection Agency) and FDA (Food and Drug Administration) in the US, have enshrined protocols with little or no potential to detect adverse consequences of GMOs (Schubert, 2002; Freese and Schubert, 2004; Pelletier, 2005).
GMOs are required to undergo few experiments, few endpoints are examined, and tests are solely conducted by the applicant or their agents. Moreover, current regulatory protocols are simplistic and assumptions-based (RSC, 2001), which by design, will miss most gene expression changes – apart from the target trait – induced by the process of transgene insertion (Heinemann et al., 2011; Schubert, 2002).
Puzstai (2001) and others have consequently argued that well-conducted feeding trials are one of the best ways of detecting such unpredictable changes. Yet feeding trials are not mandatory for regulatory approval, and the scientific credibility of those which have been published to date has been challenged (Domingo, 2007; Pusztai et al., 2003; Spiroux de Vendômois et al., 2009). For example, Snell et al. (2012), who assessed the quality of 12 long term (>96 days) and 12 multigenerational studies, concluded: “The studies reviewed here are often linked to an inadequate experimental design that has detrimental effects on statistical analysis…the major insufficiencies not only include lack of use of near isogenic lines but also statistical power underestimation [and], absence of repetitions…”.
Apparently, the same issues of experimental design and analysis raised about this (Seralini) risk-finding study were not of concern to critics when the studies did not identify risk, resulting in ill-informed decision-makers. In the end, it is a major problem for science and society when current regulatory protocols approve GMO crops based on little to no useful data upon which to assess safety.
5) Science and Politics. Governments have become habituated to using science as a political football. For example, in a study conducted by the Royal Society of Canada at the request of the Canadian government, numerous weaknesses of GM regulation in Canada were identified (RSC, 2001). The failure of the Canadian government to meaningfully respond to the many recommended changes was detailed by Andree (2006). Similarly, the expert recommendations of the international IAASTD report, produced by 400 researchers over 6 years, that GMOs are unsuited to the task of advancing global agriculture have been resolutely ignored by policymakers. Thus, while proclaiming evidence-based decision-making, governments frequently use science solely when it suits them.
6) Conclusion: When those with a vested interest attempt to sow unreasonable doubt around inconvenient results, or when governments exploit political opportunities by picking and choosing from scientific evidence, they jeopardize public confidence in scientific methods and institutions, and also put their own citizenry at risk. Safety testing, science-based regulation, and the scientific process itself, depend crucially on widespread trust in a body of scientists devoted to the public interest and professional integrity. If instead, the starting point of a scientific product assessment is an approval process rigged in favour of the applicant, backed up by systematic suppression of independent scientists working in the public interest, then there can never be an honest, rational or scientific debate.
The Authors: Susan Bardocz (4, Arato Street, Budapest, 1121 Hungary); Ann Clark (University of Guelph, ret.); Stanley Ewen (Consultant Histopathologist, Grampian University Hospital); Michael Hansen (Consumers Union); Jack Heinemann (University of Canterbury); Jonathan Latham (The Bioscience Resource Project); Arpad Pusztai (4, Arato Street, Budapest, 1121 Hungary); David Schubert (The Salk Institute); Allison Wilson (The Bioscience Resource Project)
Signatories: Brian Wynne (Professor of Science Studies, UK Economic and Social Research Council (ESRC) Centre for Economic and Social Aspects of Genomics, Cesagen, Lancaster University); Irina Ermakova, Dr of Biology, Russian Academy of Sciences; Jo Cummins (Professor Emeritus University of Western Ontario); Michael Antoniou, (Reader in Molecular Genetics; his university (King’s College, London) has a policy not to allow Dr Antoniou to use his affiliation here); Philip L. Bereano (Professor Emeritus University of Washington & Washington Biotechnology Action Council); Dr P M Bhargava (Former and Founder Director, Centre for Cellular & Molecular Biology, Government of India); Carlo Leifert (Professor for Ecological Agriculture Newcastle University); Peter Romilly (formerly University of Abertay, Dundee); Robert Vint (FRSA); Dr Brian John (Durham University, UK, retired); Professor C. Vyvyan Howard, University of Ulster); Diederick Sprangers (Genethics Foundation); Mariam Mayet (African Centre for Biosafety, South Africa); Eva Novotny (ret. University of Cambridge); Ineke Buskens (Research for the Future); Hector Valenzuela (Professor, University of Hawaii); Ronald Nigh, (Centro de Investigaciones y Estudio Superiores en Antropología Social, Chiapas, Mexico); Marcia Ishii-Eiteman (PhD, Senior Scientist, Pesticide Action Network North America); Naomi Salmon (Dept. of Law, Aberystwyth University, Wales); Michael W, Fox (Minnesota, Veterinarian & Bioethicist, PhD, MRCVS); Neil J. Carman (PhD Sierra Club); Vandana Shiva (India); Hans Herren (President, Millennium Institute, Washington DC, USA); John Fagan (PhD Earth Open Source, UK and USA); Sheila Berry and the Global Environmental Trust; Av Singh (PhD, Perennia); Laurel Hopwood (for the Sierra Club, USA); Philip H. Howard (Associate Professor of Community, Food and Agriculture, Michigan State University); Donald B. Clark (on behalf of Cumberland Countians for Peace & Justice and Network for Environmental & Economic Responsibility, United Church of Christ, Pleasant Hill, TN); Robert Mann (Senior Lecturer in Biochemistry & in Environmental Studies (rtd) University of Auckland, NZ); Chris Williams (PhD, FRSA, University of London).
and if you would like your name added to this list, please email: isneditor (at) bioscienceresource.org and write ‘Seralini letter’ in the headline, providing an affiliation if you wish.
http://independentsciencenews.org/health/seralini-and-science-nk603-rat-study-roundup/
Como relator de muitos processos de liberação comercial na CTNBio, posso garantir que o rigor foi muito maior do que o arremedo de pesquisa publicada pelo Séralini. O conhecimento acumulado pela Comissão ao longo de quase duas décadas de atuação é enorme e a metodologia de avaliação de risco cada vez melhor.
Assim, ainda bem que a CTNBio não usa a mesma metodologia e os mesmos princípios do Séralini e sua turma, ou ficaria para a história como um uma comissão sem base científica fingindo fazer avaliação de risco e vendo problemas onde eles não existem. Que siga assim por muitos anos.
Paulo Andrade
Bacana mesmo, é a CTNBio.
Vejam isso:
Sexta, 21 de maio de 2010
No cardápio, arroz transgênico
Convidando quem interessa, sem critério claro, e sem abrir participação da sociedade civil, reunião da CTNBio move trator sobre o arroz brasileiro.
A reportagem é do sítio do Greenpeace, 19-05-2010.
O circo foi montado e o espetáculo da falta de transparência aconteceu. Após 14 meses na prateleira, a tentativa de derrubada do veto ao arroz transgênico voltou à pauta da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Em audiência realizada na tarde de hoje em Brasília, a comissão organizou uma mesa redonda para debater a liberação do arroz transgênico da Bayer, conhecido como LL.
A maioria dos membros da comissão contrários à liberação do transgênico questionou os convidados, em especial o representante da Embrapa, o agrônomo Ariano Martins. “Cadê a Embrapa contrária ao arroz LL no ano passado?”, questionou o membro da comissão e pesquisador da Esalq/USP, Paulo Kageyama.
Kageyama se referiu ao posicionamento do pesquisador da Embrapa Flávio Breseghello, que se mostrou contrário ao arroz da Bayer na audiência pública da CTNBio. Organizada em março do ano passado, na audiência, agricultores, empresários e cientistas disseram não à liberação do arroz transgênico.
Mesmo com a presença de cinco convidados – quatro a favor da liberação e apenas um contra – nenhuma das questões mais relevantes foi respondida, entre elas como evitar a contaminação das lavouras, a resistência das pragas e porque a Bayer fez testes apenas no Rio Grande do Sul para liberar para todo o Brasil.
Apesar do claro desequilíbrio na mesa, nenhum dos três pesquisadores e dos dois agricultores convidados a debater o assunto conseguiu provar que o arroz transgênico não irá contaminar os campos, fato dado como certo por todos.
“Ficou claro, pela maneira como a CTNBio conduziu a reunião, que a comissão quer enterrar as vozes ouvidas na audiência pública do ano passado”, afirmou Iran Magno, coordenador da Campanha de Transgênicos do Greenpeace. “A comissão carimbadora maluca está com o carimbo do arroz pronto”, concluiu Magno.
Por estarem em desacordo com uma mesa que surgiu para calar a voz da sociedade civil e tentar entuchar arroz transgênico goela abaixo dos produtores e consumidores brasileiros, 23 organizações assinam uma nota de repúdio à manobra da CTNBio.
Nota de repúdio à manobra da CTNBio
Nós, organizações não governamentais e organizações do campo abaixo assinadas, manifestamos nosso repúdio à manobra da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, de realizar uma mesa redonda sobre o arroz transgênico, evento LL62, da Bayer Cropscience. Tal proposta tem como único objetivo invalidar a audiência pública, com participação da sociedade civil, realizada no dia 17 de março de 2009, e privar a sociedade do debate acerca do arroz transgênico.
No processo de liberação do arroz, durante a referida audiência pública, foram tecidas críticas pela Embrapa Arroz e Feijão (apoiada pela presidência da Embrapa), por produtores representados pela Federarroz (que representa mais da metade da produção nacional de arroz), e por organizações da sociedade civil. Entendemos que o resultado final dos posicionamentos ouvidos pela CTNBio foi conclusivo em apontar que o arroz LL62 da Bayer Cropscience não trará nenhuma vantagem para o produtor, para o consumidor, para a agricultura brasileira ou para o meio ambiente.
Dessa forma, a realização de uma mesa redonda durante uma reunião de rotina da CTNBio, com convites a expositores estabelecidos sem critério, onde a sociedade civil não tem voz, e acima de tudo excluindo aqueles que levantaram questionamentos acerca do evento debatido, deixa claro o seu propósito de enterrar todos os questionamentos feitos em audiência pública. Tais questionamentos, por esse motivo, só deveriam ser respondidos em nova audiência pública, não em reunião fechada.
Por fim, a CTNBio tem invariavelmente mantido uma postura contrária à transparência e ao debate do assunto, tendo sido obrigada no passado pelo Poder Judiciário a fazer reuniões abertas e audiências públicas. Também tem negado acesso aos processos de liberação comercial, dentre eles o processo do arroz Liberty Link LL62, mantendo a sociedade afastada do debate.
Assinam a nota:
AAO – Associação de Agricultura Orgânica
ABA – Associação Brasileira de Agroecologia
AEPAC – Associação Estadual dos Pequenos Agricultores Catarinenses
AMAR – Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária
ANAC – Associação Nacional de Agricultura Camponesa
ANPA – Associação Nacional dos Pequenos Agricultores
AOPA – Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia
APROMAC – Associação de Proteção do Meio Ambiente/PR
ARPA – Associação Riograndense de Pequenos Agricultores
AS-PTA
Centro Ecológico/Ipê-RS
CPC – Cooperativa Mista de Comercialização Camponesa
Greenpeace
IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
Luiz Carlos Pinheiro Machado – Ex-Presidente da Embrapa, Professor Catedrático aposentado da UFRGS e UFSC
MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
Rede Ecovida de Agroecologia
Rodolfo Geiser, Engenheiro Agrônomo
Serra Acima – Associação de Cultura e Educação Ambiental
Terra de Direitos – Organização de Direitos Humanos
TOXISPHERA – Associação de Saúde Ambiental
Via Campesina
E isso:
Quarta, 05 de outubro de 2011
Feijão transgênico. “A “porteira’ está aberta”. Entrevista especial com José Maria Gusman Ferraz
Apesar dos apontamentos de irregularidades e evidências de que os estudos do feijão transgênico “são falhos”, a comercialização do produto foi liberada no Brasil pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio. Na avaliação do agrônomo José Maria Gusman Ferraz, quando se trata da liberação de um produto transgênico que não possui autorização para ser comercializado em nenhum lugar do mundo, há “necessidade de realizar estudos mais rigorosos”.
Em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail, Ferraz, que também é membro da CTNBio, diz que nos testes realizados o feijão transgênico 5.1 da Embrapa não apresentou comportamento semelhante ao feijão convencional no que se refere à “quantidade de nutrientes no feijão, no efeito sobre órgãos internos, como rins e fígado, e nas vilosidades (área de absorção) do intestino delgado e grosso e na produção de várias substâncias presentes no grão”.
Além das possíveis implicações para a saúde humana, a liberação do feijão transgênico poderá prejudicar a agricultura familiar, maior produtora do alimento. “Há tendência de cobrança de royalties para o uso da semente, aliado à possibilidade de contaminação de variedades crioulas de diversas formas, ou seja, no campo ou nas trocas de sementes por meio das práticas rotineiras entre agricultores familiares. A liberação do feijão transgênico colocará em risco também a soberania alimentar, uma vez que compromete a posse da semente pelos seus verdadeiros detentores”.
José Maria Gusman Ferraz é mestre em Agronomia pela Universidade de São Paulo – USP e doutor em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Cursou pós-doutorado em Agroecologia pela Universidade de Córdoba – UCO, Espanha. Atualmente é professor do curso de mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural da UFSCar e professor convidado da Universidade Estadual de Campinas.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como o senhor recebeu a notícia da liberação do feijão transgênico no Brasil, durante reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio?
José Maria Gusman Ferraz – Recebi com constrangimento e preocupação, visto que faço parte da CTNBio. Mesmo após serem apontadas várias irregularidades no processo de aprovação e nas evidências de que os estudos apresentados eram falhos e mereciam maior aprofundamento, quando se abriu para a votação, a maioria dos cientistas presentes desconsiderou estas evidências e votou pela aprovação.
IHU On-Line – O senhor apontou diversas falhas no processo do feijão transgênico e violações ao princípio da precaução e à legislação de biossegurança. Em que consiste seu parecer e por que, em sua opinião, a liberação do feijão transgênico exigia estudos mais detalhados?
José Maria Gusman Ferraz – Deixando de lado os princípios e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário e que não foram considerados, como o Princípio da Precaução, Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB, Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e Agricultura da FAO – TIRFAA, e o Global Plan of Action – GPA, o feijão transgênico 5.1 da Embrapa deveria apresentar comportamento semelhante quando comparado com a planta que lhe deu origem (mesmo material, mas sem a inserção do transgene). Isso não ocorreu em várias situações, como na quantidade de nutrientes no feijão, no efeito sobre órgãos internos, como rins e fígado, e nas vilosidades (área de absorção) do intestino delgado e grosso e na produção de várias substâncias presentes no grão.
IHU On-Line – Por quantos anos foram realizados estudos com o feijão transgênico desenvolvido pela Embrapa?
José Maria Gusman Ferraz – Não foram anos, mas apenas dias. A avaliação de efeitos sobre os animais alimentados com o feijão foi feita em apenas com 35 dias. Em poucos dias é possível avaliar possíveis efeitos sobre a saúde da população? Para a avaliação agronômica, que tem uma correlação direta com a produtividade e com os custos, foram apresentados estudos de dois anos em três localidades.
IHU On-Line – Quanto tempo de estudo é suficiente para liberar ou não um alimento transgênico?
José Maria Gusman Ferraz – Quando se trata de um evento novo como esse, que não existe liberação comercial em nenhum lugar no mundo, as próprias regras da CTNBio (Resolução n.5) apontam para a necessidade de estudos mais rigorosos. Entretanto, não foram efetuados estudos de várias gerações dos organismos testes, e tampouco avaliações sobre animais em gestação, para verificar as implicações no feto. O tempo de observação foi muito curto, de 35 dias, e foram usados apenas três animais para avaliar os efeitos na saúde (alterações de órgãos e fisiologia). Nesta reduzida amostragem foram observadas alterações, como aumento do fígado, diminuição dos rins.
Essas informações são mais do que suficientes para evidenciar a necessidade de aprofundamento dos estudos antes de uma liberação comercial. Principalmente, levando em conta que o brasileiro come feijão durante a vida toda e não durante 35 dias de sua existência.
IHU On-Line – É possível saber qual é composição química do feijão transgênico?
José Maria Gusman Ferraz – Apenas é possível comparar quais substâncias presentes no feijão convencional (não transgênico) são diferentes no feijão transgênico Embrapa 5.1. E nessa avaliação foram observadas diferenças estatisticamente significativas no grão do feijão quanto ao teor de cisteína (aminoácido), extrato etéreo (gordura) e vitamina B2. Nas folhas, percebeu-se uma redução no teor de proteína.
Essas variações não deveriam ocorrer quando as duas plantas estivessem sob a mesma condição de cultivo. Mais um fato que mereceria investigação detalhada antes da liberação comercial.
IHU On-Line – Nos últimos anos, a CTNBio tem demonstrado uma posição favorável aos alimentos transgênicos. Por quê?
José Maria Gusman Ferraz – Essa tendência não é recente. Desde sua composição, a CTNBio apresenta tal tendência, a qual ficou mais acentuada com a modificação do quórum para aprovação quando passou de maioria absoluta para maioria simples, facilitando a votação sem maiores discussões.
Existe também uma clara política governamental de ampliar a produção de commodities no país a qualquer custo e que está atrelada à mesma lógica de alteração do Código Florestal. Não há preocupação com as questões ambientais e sociais decorrentes deste modelo, como se algum país no mundo tivesse alcançado um desenvolvimento com a produção de commodities.
Se não nos movimentarmos, em breve teremos a liberação do gene terminator (exterminador), que torna a semente estéril, não permitindo sua reutilização, proibido no mundo todo. No Brasil, o tema é apresentado e discutido em dois projetos propostos pelo deputado Vacarezza, do PT, e pela senadora Katia Abreu, do DEM.
IHU On-Line – Os pesquisadores favoráveis à transgenia dizem que em 2014 o Brasil
terá o primeiro plantio de feijão livre de um vírus que provoca a perda de 90 a 280 mil toneladas do alimento por ano. Como vê esse argumento?
José Maria Gusman Ferraz – Se a Embrapa não reconsiderar a liberação, isso vai ocorrer mesmo. Mas vejo como um argumento tendencioso para justificar a aprovação apressada do feijão transgênico e sem embasamento científico seguro quanto à saúde da população.
O controle deveria estar centrado no manejo da cultura e no controle do inseto vetor; esta prática é possível. Basta verificar o boletim relatando o dia de campo da própria Embrapa divulgado em 17-01-2011, onde em um cultivo orgânico sem o uso de agrotóxicos a incidência da virose foi imperceptível e com uma produtividade de 2,4 t/ha. Esse plantio, no mesmo local, se repete há 8 anos consecutivos. Portanto, o manejo adequado é possível e é viável segundo pesquisas da própria Embrapa. A pressa na liberação como um fator “socioeconômico” não se justifica. Mas sem o transgênico não se pode cobrar “royalties” da tecnologia.
IHU On-Line – O que tende a mudar no cultivo do feijão e na produção agrícola a partir da aprovação do feijão transgênico? Acredita na possibilidade de se cobrar royalties por essa nova variedade?
José Maria Gusman Ferraz – Seguramente a tendência é de cobrança de royalties, o que vai encarecer o custo da semente. Notadamente, a Embrapa vai estabelecer uma política de parcerias com empresas que atuam no mercado de Organismos Geneticamente Modificados – OGMs e de agrotóxicos.
A possibilidade de cruzar esse material transgênico com matérias das empresas que dominam o comércio de sementes no mundo está aberta e não necessita passar por novas avaliações pela CTNBio, pois essa comissão considera que, após a liberação comercial, o produto é igualado a um material convencional e seu cruzamento nos moldes tradicionais não implica em risco. Portanto, a “porteira” está aberta.
IHU On-Line – Quais as implicações da transgenia para a agricultura familiar?
José Maria Gusman Ferraz – Nesse caso, o reflexo na agricultura familiar (maior produtora de feijão) é grande, pois há uma tendência de cobrança de royalties para o uso da semente, aliado à possibilidade de contaminação de variedades crioulas de diversas formas, ou seja, no campo ou nas trocas de sementes por meio das práticas rotineiras entre agricultores familiares. A liberação do feijão transgênico colocará em risco também a soberania alimentar, uma vez que compromete a posse da semente pelos seus verdadeiros detentores.
Essas preocupações já foram levantadas em audiência pública, mas que não receberam a devida atenção. Aliás, cabe uma denúncia de que propositadamente alguns governos estaduais, como os do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, estão incluindo nos programas chamados de “troca-troca” sementes transgênicas com uma clara intenção de disseminar estes materiais transgênicos entre os agricultores familiares.
IHU On-Line – O feijão é um dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros. Pode-se dizer que com a liberação do feijão transgênico há uma vitória do setor?
José Maria Gusman Ferraz – Eu colocaria de forma inversa: existe uma perda de confiabilidade na Embrapa e na sua insistência de aprovar a liberação do feijão transgênico sem observar critérios científicos básicos. Isso pode afetar a imagem da instituição, que é tão respeitada no país e no exterior.
Existe uma apreensão de como o organismo das verdadeiras cobaias (já que foram usadas apenas três no estudo) e de como a população brasileira, que ingere em média 170 g de feijão por dia, irão reagir.
Portanto, considero isso uma derrota do Princípio da Precaução e dos preceitos científicos básicos que devem constar em um estudo de segurança alimentar.
IHU On-Line – Como será feita a comercialização do produto? O consumidor saberá se está consumindo feijão transgênico?
José Maria Gusman Ferraz – Desde 2002, existe uma legislação que obriga a rotulagem indicando quais são os alimentos transgênicos. Na prática, poucas empresas, num flagrante desrespeito à legislação, divulgam a informação em suas embalagens.
Quando o fazem, o consumidor não tem a mínima ideia do que significa aquele triângulo amarelo com a letra T em cor preta. Algumas empresas, ainda de forma capciosa, colocam abaixo do símbolo a palavra APROVADO, como se isso fosse uma vantagem para o consumidor.
Imaginem no interior, onde é comum a venda de feijão a granel. O consumidor não terá a mínima possibilidade de escolher o que quer ou o que não quer comer.
IHU On-Line – O que a liberação de mais um alimento transgênico demonstra sobre a postura brasileira em relação à segurança alimentar e à opção pela transgenia?
José Maria Gusman Ferraz – Demonstra que, embora nesse caso não associado a um agrotóxico (por enquanto), de modo geral o lobby das grandes corporações está ganhando sobre o direito do agricultor de ter sua semente e mantê-la sem contaminação de transgênicos. Demonstra também que o direito de escolha do consumidor está sendo desrespeitado por não ter opção de escolha, quer seja pela contaminação ou pela não observância da rotulagem de forma correta.
Demonstra um total desrespeito com a soberania e a segurança alimentar, com as sementes que cada vez mais vão existir no mercado e serão determinadas por poucas empresas, as quais também são responsáveis pela produção de agrotóxicos e obrigam os agricultores a utilizarem esses produtos em seus cultivos.
Demonstra também que o Brasil passou, com a presença maciça dos cultivos transgênicos de soja, milho e algodão, a ser o primeiro em uso de agrotóxicos. Com as liberações de transgênicos que estão por vir, com a vinculação de transgênicos e agrotóxicos mais perigosos, haverá uma piora nos casos de contaminação.
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
José Maria Gusman Ferraz – Gostaria de salientar um fato que ocorreu na Europa e nos EUA e se repete no Brasil em relação aos pesquisadores que ousam contestar pesquisas feitas pelas empresas. Eles são ridicularizados como obscurantistas e suas idoneidades científicas e pessoais são postas em dúvida, numa clara tentativa de intimidação e de tentar calar vozes discordantes. Isso vem ocorrendo de forma cada vez mais acentuada no Brasil e recrudesceu no caso da liberação do feijão transgênico da Embrapa.
e isso:
Biopolítica | Nota publicada em 12/08/2011 – 12:18 hs.
RIO DE JANEIRO – DEBATES
Ex-membros da CTNBio denunciam comportamento anti-ético da comissão
Doutores que fizeram parte da comissão responsável pela liberação de transgênicos denunciam comportamento de outros cientistas diante de decisões importantes para toda a sociedade.
http://www.brasil.agenciapulsar.org/nota.php?id=7962
Em debate promovido pela Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida no Rio de Janeiro, autores do livro “Transgêncios para quem?” trataram das dificuldades que enfrentavam dentro da comissão. Há ligação direta entre o plantio de transgênicos e o aumento de uso de venenos na lavoura.
Magda Zanoni explicou que na comissão apenas este grupo minoritário que fez o livro defende que a ciência sirva à toda a sociedade e não apenas a pequenos grupos de interesse, como empresas.
No livro há diversos questionamentos éticos. Ele registra, por exemplo, que vários integrantes da CTNBio são financiados pela Monsanto. São casos de conflitos de interesse já que a empresa é uma das interessadas em vender transgênicos e para isso precisa de liberações.
Já Rubens Nodari explicou que são feitos estudos errados e insuficientes antes da liberação. Assim é impossível prever se há segurança. O perigo é que haja contaminação do meio ambiente e de outras lavouras – o que já tem acontecido. Esse é um problema grave que gera prejuízos a pequenos agricultores. Também há riscos desconhecidos para a saúde.
Apesar disso, disse o cientista, o princípio da precaução segue ignorado. Este princípio faz parte da lei de biossegurança. “Na dúvida sobre os riscos em relação a um produto queremos mais ciência, mais estudos, e não menos”, defendeu Nodari.
Uma das grandes preocupações do momento é a liberação do feijão transgênico. Maria Emília Pacheco, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e da Fase, lembrou que este é um dos produtos mais importantes na dieta dos brasileiros. E para garantir a segurança alimentar os produtos tem que ter qualidade, não podem fazer mal à saúde.
Em documento enviado à CTNBio, o Consea lembra do princípio da precaução e pede a não liberação do feijão.
e isso:
Transgênicos para quem? Agricultura, Ciência e Sociedade/ Magda Zanoni ; Gilles
Ferment (orgs.) ; – Brasília : MDA, 2011.
EUCALYPTUS GENETICAMENTE MODIFICADOS E
BIOSSEGURANÇA NO BRASIL (pg67)
* Paulo Kageyama e Roberto Tarazi
Creio que já está bastante esclarecida a conivência entre a indústria e a CTNBIO sobre a inconsistência dos estudos sobre ogm nas indústrias, como demonstra o eco do Paulo em “…CTNBio não exigir estudos de longo prazo…”.
O que torna mais grave é que não acontecendo na indústria a atenção aos cidadãos seus clientes, caberia ao governo – e não é assim.
E, na medida em que o tempo passa, destaca-se mais a importância de conhecer-se a matéria, que foi o trabalho do Seralini. Conhecer o ogro, já conhecemos. Precisamos é nos livrar dele. E rápido.
Se Kátia Abreu fala em público barbaridades contra os alimentos limpos e defende os agroquímicos. Se, corriqueiramente, técnicos da ANVISA são pressionados por integrantes do legislativo e executivo em prol das
grandes indústrias. Como confiar no segundo escalão destes poderes, como confiar na lisura e imparcialidade destes atores neste sujo jogo capitalista….