A reportagem abaixo retrata o que há muito foi anunciado, que a liberação do milho transgênico provocaria uma contaminação generalizada do milho convencional. Os técnicos da região levantam inclusive a possibilidade de que nem as próprias sementeiras estejam sendo capazes de evitar a contaminação. E os especialistas da CTNBio falam que isolamento de 100 metros é suficiente…

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As próprias empresas de sementes de milho não estariam mais conseguindo segregar as sementes com tecnologia de resistência das convencionais. Seria uma “contaminação de tecnologia”.

http://www.cenariomt.com.br, 21/11/2012

A tecnologia de resistência do milho transgênico está atrapalhando o cultivo de soja em Mato Grosso nesta safra 2012/13. Produtores reclamam da grande quantidade de pés de milho persistentes nas lavouras de soja, mesmo após aplicações de glifosato, principal herbicida utilizado no controle de plantas infestantes.

Jaime Coradini, produtor em Primavera do Leste (200 km de Cuiabá), só planta milho convencional em sua propriedade. No entanto, vê sua recém plantada lavoura de soja infestada de pés do grão, resistentes à aplicação do tipo de herbicida.

Ele explica que o problema vem acontecendo há três anos, mas nesta safra está muito intensificado. Para ele, uma das explicações é que, como muitos produtores já estão fazendo uso do milho transgênico, pode estar havendo contaminação através da polinização dos pés de milho entre lavouras próximas.

Coradini teve de contratar uma equipe para fazer a retirada manual das plantas na lavoura de soja.

Na Agro-Sol Sementes, em Campo Verde, o problema também é sentido. Já foram feitas duas aplicações de glifosato, uma para dessecação de culturas anteriores e ervas daninhas – antes do plantio da soja, e outra após 20 dias da planta. Ainda assim, muitos pés de milho aparecem como intrusos na lavoura.

Para Pedro Tales Tomazelli, engenheiro agrônomo da Agrosol, a explicação mais plausível é que, junto às sementes convencionais de milho que eles e outros produtores plantam, estão vindo algumas sementes transgênicas, resistentes ao glifosato.

As próprias empresas de sementes de milho não estariam mais conseguindo segregar as sementes com tecnologia de resistência das convencionais. Seria uma “contaminação de tecnologia”.

Os problemas do milho na soja

De acordo com o agrônomo, existem três principais conseqüências causadas pelo problema. A primeira delas dá-se no ciclo inicial da soja. A planta de milho pode ser uma competidora, roubando nutrientes e luz da planta de soja e atrapalhando seu desenvolvimento.
Em segundo lugar, o milho pode ser hospedeiro de outras pragas que não estão previstas para a soja e podem atrapalhar o cultivo. Em seguida, as plantas “intrusas” estragam a estética da lavoura.
A solução, além do controle manual praticado pelo produtor Jaime Coradini, pode ser o controle químico com um herbicida de princípio ativo diferente do glifosato. No entanto, essa solução é mais cara, fugindo do orçamento e do planejamento da lavoura, o que pode não ser viável para todos.