A matéria abaixo trata do assunto sem informar ao leitor os motivos que ocasionaram a explosão populacional dessa lagarta. A expansão das lavouras transgênicas Bt, que são plantas inseticidas, está reduzindo fortemente a presença dos predadores naturais da Helicoverpa, até então uma praga secundária, mas que na ausência de seu inimigo natural vem se multiplicando e causando os estragos a que se refere o texto. A indústria da biotecnologia-agrotóxicos lucrou vendendo as sementes transgênicas e junto a promessa de redução do uso de agroquímicos; agora vai lucrar de novo com a venda de inseticidas para a “emergência fitossanitária”. De novo a pergunta, qual a responsabilidade dos que autorizaram esses cultivos no Brasil sabendo que esses danos era previsíveis?

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VALOR ECONÔMICO, 12/03/2013

Por Mariana Caetano e Tarso Veloso | De São Paulo e Brasília

Autoridades do governo federal discutiram ontem a possibilidade de ser decretada situação de emergência fitossanitária no país em virtude da proliferação da Helicoverpa, uma lagarta comum em lavouras de milho que passou a causar danos significativos em plantações de soja e algodão, com prejuízos estimados R$ 2 bilhões nas últimas duas safras no Brasil.

O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Ênio Marques, foi à Casa Civil na tarde de ontem para explicar os detalhes do problema. Mais cedo, ele havia se reunido com representantes de produtores, que pediram uma intervenção rápida do governo na tentativa de impedir que a lagarta traga danos a mais Estados do país, além dos 11 já afetados.

“Estamos buscando uma solução a curto prazo para a safra de algodão que está em andamento e deve ser colhida entre 60 e 90 dias. Vamos tentar autorizar a importação de defensivos eficazes contra a lagarta”, disse Marques. Atualmente, não há inseticidas contra a Helicoverpa registrados no país, embora esses produtos já estejam disponíveis no exterior. Ainda nesta semana, o ministério vai discutir com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a liberação da importação desses produtos.

Durante a reunião de ontem, o Ministério da Agricultura também decidiu criar um grupo de estudos, que incluirá especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “O objetivo dessa equipe é traçar estratégias de combate à Helicoverpa em todo o país, para evitar que outros Estados paguem o mesmo preço que a Bahia”, disse Celito Breda, produtor do oeste bahiano que compareceu à reunião em nome da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

Na semana passada, já havia sido decretada situação de emergência fitossanitária na Bahia. O Estado é o que mais tem sofrido com a Helicoverpa, com prejuízos calculados em R$ 1 bilhão. Estima-se que os gastos com inseticidas nas lavouras do oeste da Bahia tenham dobrado por conta da Helicoverpa na atual safra 2012/13. Normalmente, o plantio de um hectare de soja na região custa por volta de US$ 100 por hectare, mas a praga fez esse montante avançar para US$ 200. No caso do algodão, os gastos passaram de US$ 400 para US$ 800 por hectare.