Folha de São Paulo, 22/11/2013

Monsanto perde briga por royalties da soja argentina

Prêmio pago por soja não transgênica pode ultrapassar R$ 6 por saca de 60 kg no Brasil

Os transgênicos perderam o principal atrativo para o produtor: o custo mais baixo em comparação com as sementes convencionais.

Nas últimas safras de grãos, alguns agricultores começaram a questionar a vantagem dos transgênicos ao consultar suas planilhas, gerando dúvidas sobre o futuro desse mercado.

Segundo o pesquisador Jefferson Carvalho, do banco holandês Rabobank, três fatores aumentaram os custos com os transgênicos: a alta no preço dessas sementes, o aumento do uso de agroquímicos nessas lavouras e a maior resistência de plantas daninhas a essa tecnologia.

Em Mato Grosso, o custo de produzir soja convencional e transgênica já é praticamente o mesmo: de R$ 1.409,69 e de R$ 1.409,13 por hectare, respectivamente, segundo estudo do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária citado pelo Rabobank.

Além da alta nos preços das sementes e dos agroquímicos, que são impactados pela maior demanda global e pela valorização cambial, o aumento da resistência de plantas daninhas ao herbicida glifosato – usado nas plantações transgênicas- elevou a necessidade de aplicações de outros herbicidas.

Esse problema é mais grave nos EUA, mas também já preocupa a América do Sul.

Ao mesmo tempo, o prêmio pago por soja não transgênica cresce em alguns mercados, podendo ultrapassar R$ 6 por saca de 60 quilos no Brasil, segundo o Rabobank.

Apesar da menor atratividade econômica das sementes geneticamente modificadas, o banco ainda acredita que elas são um caminho sem volta. Segundo Carvalho, a facilidade no manejo das lavouras transgênicas continua sendo muito valorizada pelos produtores.

As inovações no campo dos transgênicos também atraem os agricultores. Como as indústrias do setor concentram os esforços de pesquisa e tecnologia nessa área, o portfólio de sementes geneticamente modificadas é maior que o das convencionais.

Para o Rabobank, os investimentos em pesquisa vão resultar em um grande número de lançamentos nos próximos anos. E essas novas sementes, acrescenta o banco, vão sustentar a participação dos transgênicos nas lavouras brasileiras. No caso da soja, essa fatia já supera 90%.