Notícias sobre o herbicida glifosato da coluna Vaivém das commodities da Folha de São Paulo, 23/03/2010.

O Conseagri, conselho que congrega os secretários estaduais de Agricultura e que discute problemas relacionados ao setor agropecuário, se reúne hoje em Belo Horizonte. A revisão da tarifa antidumping para o glifosato chinês está na pauta.

Para baixo

Os secretários vão bater firme para que seja retirada a taxa antidumping, hoje em 2,1%. No máximo, alguns sugerem uma manutenção. Gilman Viana, anfitrião do encontro e secretário de Minas Gerais, diz que “o correto seria eliminar toda a taxa, pois é preciso abrir o mercado à concorrência.”

Sem mexer

Neldo Egon, secretário de MT, o maior produtor de soja do país, diz não concordar com a elevação da taxa. O efeito dela já está incluído na formação dos custos de produção e uma alta vai pesar ainda mais no bolso dos produtores, diz ele. A taxa, que era de 35,8%, recuou para 11,7% em 2008 e atualmente é de 2,1%.

Pela retirada

João Sampaio, de São Paulo, é totalmente a favor da retirada da taxa, até porque o produtor brasileiro chega a pagar o dobro do que o argentino pelo produto. Valter Bianchini, do Paraná, vai na mesma linha, e pede uma harmonização no Mercosul.

Vital

A não elevação dos custos dos produtores é vital, principalmente neste momento de preços baixos e câmbio desfavorável. É preciso haver uma harmonização no Mercosul e desburocratizar o avanço dos genéricos, segundo Bianchini.

Monsanto estuda importar glifosato dos EUA Defensivos | do Valor Econômico, 23/03/2010.

A multinacional Monsanto já traça um plano B caso a Câmara de Comércio Exterior (Camex) adote uma medida não favorável à empresa no que diz respeito à nova tarifa antidumping para o glifosato importado da China. A expectativa era de que a decisão fosse anunciada hoje em Brasília pela Camex, mas a reunião que trataria do assunto foi adiada para o próximo dia 6 de abril.

A empresa não descarta a possibilidade de reduzir a produção de matéria-prima para o glifosato em sua fábrica Camaçari (BA) e também diminuir a composição do defensivo em sua unidade de São José dos Campos (SP). Em substituição, o produto seria importado da planta de Luling, no estado americano da Louisiana.

“Não sabemos quanto do produto deixaria de ser produzido para ser importado. Precisaríamos reavaliar nossa produção local e não descartar a possibilidade de interromper por algum tempo a fabricação”, afirma Ricardo Madureira, diretor geral da divisão de proteção de cultivos da Monsanto para América do Sul.

A justificativa para a medida é a entrada do glifosato chinês no Brasil a preços abaixo dos custos de produção. De acordo com Madureira, o governo da China concede um reembolso fiscal de 5% para o glifosato produzido e exportado a partir de solo chinês.

“Isso permite que o fabricante venda abaixo de seu custo, já que ela conta com esse reembolso”, afirma Madureira.

Mais do que o benefício fiscal, o produto chinês passou a incomodar a Monsanto a partir do momento de sua queda de preço.

Em meados de 2008, o quilo do glifosato da China chegava ao Brasil por US$ 13,00, valor que está atualmente a US$ 3,00 por quilo, segundo cálculos da própria Monsanto. Questionado sobre qual seria o custo de produção da empresa no Brasil, Madureira diz que essa é uma informação estratégica e que não pode fornecer.

Mesmo assim, o executivo lembra que se a Camex não colocar uma tarifa antidumping adequada, não faria mais sentido produzir o glifosato no Brasil. Dessa forma, mesmo com um investimento de US$ 350 milhões, a produção das matéria-primas em Camaçari poderia ser suspensa. Além disso, parte da unidade de São José dos Campos, que já recebeu investimentos de US$ 140 milhões e processa as matérias-primas para formulação do produto final também ficaria em xeque. “Em se mantendo esse regime de preços vamos ter que parar de produzir para não ter que operar no vermelho”, afirma Madureira.

Em princípio, a atual tarifa antidumping de 2,1% seria substituída por um preço mínimo de referência de US$ 3,60 por quilo.

A proposta feita pela multinacional era de que esse valor fosse de US$ 4,60, mas o que está sendo proposto já agrada a empresa, desde que existam mecanismos que garantam sua aplicação.