Sob a enorme pressão da Bayer e de toda a indústria dos transgênicos, o Ministério de Agricultura da França inscreveu, em 20 de julho, duas variedades do milho transgênico T25 (Liberty Link) no Catálogo Nacional de Sementes. O ato se deu em silêncio, aproveitando o período de férias de verão.
Isto significa que, a partir de agora, qualquer país da UE poderá cultivar o milho transgênico (exceto a Áustria e a Grécia, onde este milho está proibido), uma vez que a inscrição no catálogo de um Estado pressupõe a autorização para plantio em qualquer país do bloco. O T25 havia sido aprovado na UE em 1998, mas não podia ser cultivado por não estar inscrito em nenhum catálogo nacional.
O milho em questão é tolerante à aplicação do glufosinato de amônio, um herbicida muito tóxico que está na lista dos 22 agrotóxicos que serão em breve retirados da UE — além disso, na Europa o glufosinato é proibido no cultivo de milho.
O milho da Bayer está autorizado para cultivo na Argentina, no Canadá, no Japão e nos EUA. No Brasil ele foi autorizado pela CTNBio em 2008, mas teve sua liberação suspensa pela Justiça Federal do Paraná na última semana.
A medida da França se deu no momento em que ocorre um grande debate político sobre as novas normas para autorização de transgênicos na UE, sem que tenham sido criadas as normas para o cultivo (coexistência) e sem que tenha sido implementada uma petição unânime dos 27 estados membros sobre normas mais rigorosas de avaliação e aprovação de transgênicos.
Como se não bastasse todo este absurdo, a França inscreveu ainda outras 30 variedades do milho transgênico da Monsanto MON 810 (tóxico a insetos), cujo cultivo está proibido em seu próprio território por uma cláusula de salvaguarda.
Extraído de: Greenpeace França, 02/08/2010.