“É como o ar escapando de uma bexiga”, compara a bióloga americana Cynthia Sagers, da Universidade do Arkansas. A imagem se refere à colonização de larga escala em beiras de estrada, estacionamentos e até cemitérios dos EUA por variedades transgênicas de canola.
No jargão dos cientistas, as plantas viraram “ferais”, ou seja, passaram a se propagar sozinhas, sem ajuda humana, embora sejam formas domesticadas. “A escala da coisa é enorme, sem precedentes”, conta Sagers, que rastreou populações selvagens da planta ao longo de quase 1.000 km de rodovias no Estado da Dakota do Norte junto com Meredith Schafer, sua aluna de mestrado. (…)
As formas de canola transgênica detectadas por elas na natureza carregam DNA “estranho” (oriundo de bactérias) que lhes confere resistência a herbicidas. E tal resistência poderia muito bem ser transferida a ervas daninhas, criando uma nova dor de cabeça para os agricultores. (…)
Além de rústica, a canola é promíscua. Indivíduos da planta trocam genes frequentemente entre si através do sexo [leia-se polinização cruzada]. As pesquisadoras americanas detectaram, por exemplo, a presença concomitante de dois genes diferentes de resistência a herbicidas em algumas plantas.
Como a indústria hoje não produz transgênicos “duplos” desse tipo -basicamente porque as plantas são criadas para aguentar o herbicida feito pela mesma empresa que fornece as sementes-, isso provavelmente significa que duas variedades diferentes cruzaram e tiveram descendentes.
Como a promiscuidade da canola se estende também a espécies de ervas daninhas, com as quais é capaz de se reproduzir, fica no ar a possibilidade de que isso produza superervas, duras de matar. “Precisamos de mais trabalhos sobre isso. Hoje há um vazio de conhecimento”, afirma Cynthia Sagers.
Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2010.
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Study suggests GM traits could be common in the wild
Food Navigator
By Caroline Scott-Thomas, 09-Aug-2010
Scientists have found evidence that genetically modified (GM) crops could be prevalent in the wild, according to new research presented to the Ecological Society of America last week.
Anti-GM groups have argued that the long term impact of genetically modified crops on the environment, human and animal health is not well known, and may not be for decades. And organic advocates have also argued that cross-contamination of organic crops with GM material could devastate their industry. This new study is likely to fuel these concerns, as the researchers claim that it is the first to suggest that GM plants are well-established in the wild in the United States.
The researchers established transects across 5,400km of land in North Dakota, and tested 406 wild canola plants along interstate, state and county roads for the presence of GM material. They found that 347 – or 86 percent – contained proteins that confer tolerance either to glyphosate herbicide, or to glufosinate herbicide. And they also found some evidence of multiple transgenic traits.
GM canola accounts for the majority of canola grown in North Dakota and the plants are thought to spread easily as seeds are windborne or fall from trucks.
The researchers presented their findings at the Ecological Society of America’s 95th annual meeting in Pittsburgh on Friday.
One of the study’s coauthors, Cynthia Sagers, of the University of Arkansas said: “There were also two instances of multiple transgenes in single individuals. Varieties with multiple transgenic traits have not yet been released commercially, so this finding suggests that feral populations are reproducing and have become established outside of cultivation.
“These observations have important implications for the ecology and management of native and weedy species, as well as for the management of biotech products in the US.”
The poster session, entitled “Evidence for the establishment and persistence of genetically modified canola populations in the US”, was presented by lead researcher Meredith Schafer.