Mas não dizia a Monsanto que suas novidades tecnológicas permitiriam reduzir o uso de venenos, beneficiando o meio ambiente? Esse item da propaganda não resistiu aos fatos e parece ter caído em desuso. O que vale agora é falar em novas gerações de transgênicos, genes combinados, resistência à seca e por aí vai…
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Glifosato alavanca venda de defensivo genérico no Brasil
Valor Econômico | Alexandre Inacio, de São Paulo, 24/08/2010
Nos últimos cinco anos, a participação dos defensivos genéricos no Brasil passou de praticamente zero para 48,5% da receita total do mercado brasileiro. No ano passado, esses produtos foram responsáveis por movimentar US$ 3,2 bilhões, ante os US$ 3,4 bilhões dos produtos “convencionais”, também conhecidos no mercado como “especialidades”.
Em volume, a fatia é ainda maior. O mercado de produtos genéricos representou em 2009 pouco mais de 80% das 725,5 mil toneladas de produto comercial negociada no Brasil. Além disso, das 335,8 mil toneladas de ingredientes ativos comercializadas, apenas 15% foram de produtos convencionais no ano passado.
Parte expressiva desse crescimento se deu pela evolução da soja transgênica no Brasil e o aumento da demanda por seu principal defensivo, o glifosato. “O crescimento dos genéricos foi rápido porque o glifosato é um produto conhecido e muito usado. Aproximadamente 90% dos herbicidas genéricos vendidos são à base de glifosato”, diz Cléber Vieira, gerente de projetos da Agroconsult. No ano passado, os herbicidas responderam sozinhos por 60% da demanda de defensivos em volume.
Dados do Ministério da Agricultura mostram que existem 22 empresas registradas para comercializar 45 produtos à base de glifosato. Segundo Valdemar Fischer, gerente geral da Nufarm para América Latina – segunda maior empresa de genéricos no Brasil – existem ainda 174 pedidos para registro de produtos à base do ingrediente ativo para um mercado 250 milhões de litros anuais.
“Os genéricos aumentaram a concorrência no setor. Existem 115 empresas cadastradas no Ministério da Agricultura, sendo que 38 com presença mais expressiva”, diz Fischer. Segundo ele, os oito maiores grupos detinham em 2001 quase 85% do mercado. Em 2009, as oito maiores do ranking passaram a ter 77% do mercado.
“A competição no mercado de defensivos está cada vez maior. Para se destacar, as empresas que apostam em pesquisa e desenvolvimento para elaborar novos defensivos e manter patentes por algum tempo estão gastando cada vez mais tempo, pesquisando mais componentes para cada novo registro e aplicando mais recursos durante esse processo”, afirma Antônio Carlos Motta Guimarães, presidente da CropLife América Latina e diretor-geral da Syngenta para a América Latina.
Em sua apresentação na Crop World – evento realizado em São Paulo com as principais empresas de agroquímicos -, Guimarães disse que na década de 90 as empresas pesquisavam em média 50 mil componentes durante aproximadamente oito anos, com investimentos de US$ 152 milhões para se chegar a um novo produto. Dez anos depois, passaram a ser necessários 100 mil componentes, nove anos e US$ 184 milhões para cada defensivo. Atualmente, são gastos em média dez anos para combinar 150 mil componentes com aportes de US$ 256 milhões até se chegar a um novo produto.
“O crescimento dos genéricos será menos intenso daqui para frente. Diferentemente do glifosato, que é um produto muito antigo, conforme as patentes caiam as empresas de genéricos precisam iniciar todo o processo regulatório, além de investirem na pesquisa de formulação e na parte técnica da pesquisa”, afirma Vieira, da Agroconsult.
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