Agência de Informação Frei Tito para a América Latina, 26/08/2010
por Tatiana Félix, jornalista da Adital
Uma intensa mobilização de entidades ambientalistas aconteceu ontem (25), no Paraguai, com o objetivo de apresentar para a sociedade os impactos negativos do monocultivo de grãos transgênicos como a soja e o milho. Segundo as entidades, este tipo de cultivo afeta, diretamente, os direitos humanos das comunidades campesinas e indígenas, e, também o de toda a população. Na ocasião também foi lançada a campanha nacional “Paraguai livre de milho transgênico”.
A análise foi apresentada pela Associação de ONGs do Paraguai (POJOAJU), a Coordenadora de Direitos Humanos do Paraguai (CODEHUPY) e a Rede Rural de Organizações Privadas de Desenvolvimento (REDE RURAL). Eles afirmaram que “todos os produtos com manipulação genética estão destinados a aumentar os biocombustíveis, afetando a ecologia, a economia, o ambiente, mas, não estão destinados a superar a falta de alimentos da população mundial”.
Os manifestantes exigiram ainda o cumprimento das obrigações assumidas pelo governo do país, que implicam na adoção de um modelo produtivo e de desenvolvimento que garanta a inclusão e os direitos de todos os grupos sociais do país.
No último dia 17, as instituições divulgaram um comunicado retratando a situação atual e os efeitos do cultivo do milho transgênico no Paraguai. Segundo observam, este cultivo pode trazer riscos para não só para o meio ambiente e agricultura, mas, também para a saúde humana.
O apelo das ONGs é pela destruição do milho geneticamente modificado tolerante ao glifosato, sob alegação de que o cultivo desta semente não é permitida no território nacional. “Os milhos transgênicos não foram elaborados por técnicos de melhoramento genético, senão por uma tecnologia cara, imprecisa e especializada, chamada Biotecnologia, que agrega genes de outras plantas ou animais ao milho”, afirmam.
De acordo com um estudo divulgado recentemente, a exposição à níveis mínimos de glifosato causa alterações severas no desenvolvimento de embriões de anfíbios. Desta forma, se confirma o prejuízo que esta substância causa tanto para a flora, fauna e seres humanos.
Além disso, é destacado que a aplicação de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) provoca danos ao equilíbrio ecológico e a biodiversidade, como, por exemplo, redução nas espécies de flora e fauna, maior contaminação da água e do solo, entre outros.
O alerta para a saúde do ser humano é que o consumo de OGMs, presentes na alimentação e nos animais que consumimos, tem efeitos à médio e à longo prazo. Preocupa também o fato dos produtos transgênicos não serem identificados para o consumidor. Além do mais, os alimentos transgênicos causam resistência ao uso de antibióticos, quando necessário seu uso, dificultando o combate às enfermidades.