O deputado europeu José Bové pediu a renúncia da presidente do conselho de adminstração da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) em função de sua ligação com o ILSI, instituto que reúne empresas do setor agroalimentar.
Diana Banati, especialista em alimentação, está na EFSA desde 2006 e preside seu conselho administrativo desde 2008. O órgão presta assessoria científica à Comissão Europeia em temas ligados à produção de alimentos e especialmente sobre os transgênicos.
O ILSI é uma organização internacional que reúne mais de 400 empresas e foi criado em 1978 nos Estados Unidos. Sua lista de membros inclui Monsanto, BASF, Bayer e Syngenta.
Nas décadas de 1980 e 1990, o ILSI se revezou com a indústria do tabaco nos esforços para enfraquecer as iniciativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). O movimento acabou levando a OMS a exclui-los, em 2006, da lista de organizações que poderiam participar de suas atividades. Além de restringir seu acesso, a OMS também condenou o fato de o ILSI não divulgar abertamente suas fontes de financiamento e não informar seus parceiros nos países em desenvolvimento sobre os recursos que recebe da indústria.
O ILSI auta também na área dos transgênicos e influencia o processo de avaliação da EFSA: em seu comunicado de 8 de setembro sobre um variedade de milho transgênico da Mosanto, a EFSA baseia sua posição em um documento do ILSI.
Foram esses elementos que levaram José Bové, que é também vice-presidente da Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu, a pedir a demissão de Banati.
O porta voz do EFSA declarou que não há conflito de interesses envolvendo a sra. Diana Banati. Apesar disso, suas informações no site da EFSA foram alteradas no dia 28 de setembro e desde então não é mais mencionada sua ligação com o conselho diretor do ILSI.
Este não foi o primeiro caso de conflito de interesses na EFSA. Este ano Suzy Renckens deixou a Agência para ir trabalhar na Syngenta.
Com informações de:
Europe : conflit d’intérêts dans la sécurité alimentaire, Le Monde, 29/09/2010.