Alexandre Inacio | VALOR ECONÔMICO, 22/11/2010
Antonio Smith, diretor de negócios de proteção de cultivos da Monsanto, diz que a soja Roundup Ready permitiu a redução no uso de defensivos mais tóxicos
Em meio às crescentes discussões sobre sustentabilidade e à adoção de legislações ambientais cada vez mais rígidas, as principais indústrias de defensivos agrícolas – os popularmente conhecidos agrotóxicos – preparam uma nova geração de produtos que devem agradar a produtores rurais e, ao mesmo tempo, receber menos críticas de ambientalistas.
O objetivo dessas empresas é também o grande desafio do setor: o equilíbrio entre a proteção dos cultivos, o aumento da produtividade da lavoura e o menor impacto sobre o ambiente e as pessoas envolvidas no processo. Nesse contexto, os novos defensivos que já chegam ao mercado promovem avanços em três frentes: reduzem o volume de doses aplicadas, solucionam o problema da resistência e fazem combinações para proteção de lavouras contra duas pragas, usando apenas um produto.
Uma das maiores indústrias químicas do mundo, a multinacional alemã Basf lançou no ano passado um produto que consegue ser eficiente tanto contra fungos quanto insetos. De acordo com Oswaldo Marques, gerente de marketing para cultivos extensivos da empresa, em vez de o agricultor usar, por exemplo, 200 mililitros, sendo 100 para um inseticida e outros 100 para um fungicida, ele poderá concentrar o combate às duas pragas em 100 mililitros de um único produto.
“Estamos retirando do mercado os mais antigos e substituindo por outros que combinem características e ações”, informa Marques. “Além disso, seguimos com nossas pesquisas para o desenvolvimento de novas moléculas mais eficientes”.
Já a suíça Syngenta aposta no desenvolvimento de novas formas de ação de seus produtos. A ideia é que os defensivos atuem sobre as pragas em locais diferentes dos quais agem atualmente – como no sistema muscular, respiratório e nervoso, entre outros -, combatendo problemas de resistência, como os já identificados nos EUA e Argentina no caso do glifosato.
“A importância disso está no fato de que, em vez de elevar a dose para controlar uma praga, o produtor use, com outro produto, a mesma dose ou possivelmente um volume ainda menor e tenha um efeito melhor”, afirma Fernando Gallina, diretor de pesquisa e desenvolvimento de proteção de cultivos da Syngenta para a América Latina.
Segundo Gallina, a estratégia da Syngenta para tornar seus produtos mais sustentáveis passa pelo manejo na resistência das pragas, mas também pela redução dos riscos para a saúde e o ambiente. Por isso, as pesquisas da Syngenta seguem também no tratamento de sementes – com objetivo de proteger a semente e usar menos defensivos posteriormente – e formulações mais adequadas, com a liberação controlada dos produtos.
As apostas das multinacionais, contudo, não preveem apenas o desenvolvimento de novos defensivos para a agricultura. No caso da americana Monsanto, os planos da empresa seguem a linha da biotecnologia, deixando um pouco para trás os investimentos em novos ingredientes ativos. “A escolha pela biotecnologia foi a nossa opção. A soja Roundup Ready foi nosso primeiro produto de biotecnologia e permitiu a redução de 50% em cinco anos no uso de defensivos das classes um e dois, que são os de maior toxicidade”, diz Antônio Smith, diretor de negócios de proteção de cultivos da Monsanto.
Na avaliação de Smith, redução semelhante poderá ser observada também com o milho e o algodão resistentes a insetos. A Monsanto tem direcionado boa parte de seus investimentos para a inclusão de mais de uma característica de resistência a pragas na mesma semente. “Temos o compromisso de dobrar a produtividade das culturas em que atuamos até 2030 e reduzir a necessidade dos recursos naturais em um terço”.
Outro foco de ação é a redução da toxicidade dos produtos que chegam ao mercado, aliada a uma redução do tamanho das doses aplicadas. A americana DuPont desenvolveu uma família defensivos que já é considerada uma das mais revolucionárias. A empresa chegou a um inseticida para soja em que a dose aplicada por hectare varia de dois a dez gramas, dependendo do inseto a ser combatido.
Além do baixo volume, o produto tem um grau de toxicidade de apenas 5 mil mg/quilo na unidade de medida de dose letal (DL50) – concentração de produto capaz de matar 50% dos animais em teste. Quanto maior o volume, menor o grau de toxicidade do produto, uma vez que é necessário um volume maior de produto para matar a mesma quantidade de animais.
“Para chegar à molécula com essas características foram necessárias 2.500 outras moléculas. Também pesquisamos produtos para pastagem e um fungicida para legumes e hortaliças, em que a necessidade é de quatro gramas por hectare”, diz Marcelo Okamura, diretor de marketing da DuPont.
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Comentário: Dados da Secretaria de Agricultura do Paraná revelam que enter 2005 e 2007 aumentaram 85% as aplicações de Gramoxone e 52% as de Tordon (2,4-D) nas áreas de soja transgênica. Exatamente o oposto da redução de venenos classes I e II alegada na reportagem pelo representante da Monsanto.
OBS: O profissional deve está cadastrado do SICAF (Cadastro de fornecedores para o Governo federal)