LUCIANA RIBEIRO, para a Folha de São Paulo, 03/03/2010
Alta de commodities faz o país ampliar área plantada; liderança mundial deverá ocorrer neste ano ou em 2012
Vendas do segmento somaram US$ 7,2 bi em 2010, com aumento de 9% ante 2009; EUA não têm mais onde plantar
O Brasil deve reassumir a liderança mundial na venda de defensivos agrícolas.
Em 2010, o setor teve o melhor ano de sua história, impulsionado pela queda do dólar, o aumento do preço das commodities e o crescimento de áreas plantadas em culturas como o algodão.
A movimentação no segmento foi de US$ 7,2 bilhões -aumento de 9% em relação ao ano anterior.
Até então, 2008 havia sido o melhor ano para o setor no Brasil. As vendas atingiram então US$ 7,1 bilhões, e o país ficou na primeira posição do ranking dos que mais movimentaram capital com agrotóxicos.
Naquele ano, a movimentação norte-americana não alcançou US$ 7 bilhões, segundo o diretor da Associação Nacional de Defesa Vegetal, Eduardo Dahel.
Em 2009, os Estados Unidos voltaram à liderança. Mas, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, a produção americana de alimentos está saturada.
“Não há mais área para plantação”, diz o vice-presidente, José Roberto Da Ros. Ele prevê que o Brasil deva reassumir a primeira posição neste ano ou no próximo.
PREÇOS CAEM
O fato de plantações de clima tropical exigirem mais produtos químicos também eleva a demanda. Para 2011, o setor prevê aumento entre 5% e 10% nos resultados.
A alta demanda por agrotóxicos no entanto, não está elevando os preços. Pesquisa do Instituto Agrícola de São Paulo, fechada na semana passada, aponta que 98,4% dos produtos pesquisados tiveram queda de preço nos últimos 12 meses.
A redução foi de até 39,7%. No ano anterior, 88% dos produtos haviam tido decréscimo nos preços.
Rafael Ribeiro, zootecnista da Scot Consultoria, afirma que o câmbio e a concorrência têm favorecido a queda.
O mercado tem oferecido produtos genéricos e o número de empresas no segmento aumentou.
O vice-presidente do sindicato também diz que o crescimento da concorrência está influenciando os preços.
De acordo com ele, o número de associadas do sindicato dobrou nos últimos cinco anos. Hoje, são 129 empresas no setor no país.