Supostamente ‘eco-friendly’, teria matado milhares de álamos, salgueiros, pinheiros brancos, espruces-da-Noruega e outras coníferas

 

O ESTADO DE SÃO PAULO, 15 de julho de 2011

Um herbicida recentemente aprovado nos Estados Unidos, amplamente usado por paisagistas por ser supostamente eco-friendly, é o principal suspeito das mortes de milhares de árvores em todo o país, divulgou o New York Times nesta sexta-feira. O Imprelis, fabricado pela DuPont, é vendido desde outubro apenas para profissionais de jardinagem. No começo de maio, começaram a surgir relatos de mortes de álamos, salgueiros, pinheiros brancos, espruces-da-Noruega e outras coníferas em diversos jardins, campos de golfe e cemitérios dos EUA – exceto na Califórnia e em Nova York, onde o uso do herbicida não foi liberado pelas autoridades locais.

Uma porta-voz da DuPont ouvida pelo jornal diz que a empresa está “investigando estes sintomas”, mas que é difícil identificar “quais variáveis contribuíram”. O produto continua a ser vendido, e a empresa afirma que houve “muitos lugares” nos quais ele foi usado sem danificar as árvores.

Numa carta de 17 de junho, um outro representante da empresa, Michael McDermott, afirmou que os usuários do Imprelis podem não ter misturado o herbicida corretamente, ou tê-lo combinado com outros produtos. A mesma carta, porém, pede aos clientes que não apliquem o Imprelis perto de espruces-da-Noruega ou pinheiros brancos, nem de suas raízes.

A empresa de jardinagem Underwood Nursery, com sede no Michigan, alega que, de 1.000 aplicações do produto, já recebeu 350 reclamações de árvores mortas. Afirma ainda ter gasto US$ 150 mil (R$ 236 mil) em franquias à companhia de seguros para substitui-las. Alguns paisagistas, diz o New York Times, descobriram que seus seguros não cobrem mortes de árvores.

Expectativas

A DuPont e paisagistas tinham grandes expectativas para o Imprelis: pouco tóxico para mamíferos, funciona em baixas concentrações e mata ervas daninhas difíceis, como hidra terrestre, urtiga mansa e violetas selvagens.

Não há estimativa do número de árvores mortas pelo novo herbicida, mas um professor de horticultura ouvido pelo jornal diz que o problema afeta todo o país.

O Imprelis passou por 23 meses de testes, incluindo em coníferas, antes de ser aprovado pela agência ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês). Mesmo que se prove que ele mata árvores, não deve ser proibido, disseram especialistas. A EPA provavelmente mandará que a DuPont mude as instruções na embalagem ou aumente a distância de segurança.