Contrariando as afirmações feitas pela indústria química e governos de diversos países no sentido de que o herbicida glifosato não se infiltra até as águas subterrâneas, novas evidências demonstram que o produto é plenamente capaz de contaminá-las.
Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água (IDAEA), em Barcelona, na Espanha, e publicado pela revista Analytical Chemistry and Bioanalytical confirma que, “embora a mobilidade do glifosato nos solos seja baixa, o produto é capaz de alcançar as águas subterrâneas”. Foram analisadas cerca de 140 amostras de água subterrânea coletadas na Catalunha. O glifosato foi encontrado acima dos limites detectáveis em 41% das amostras, com concentrações que chegaram até 2.5 μg/L (a concentração média encontrada foi de 200 ng/L).
Essa não foi a primeira vez que se demonstrou a presença de glifosato na água doce. Um outro estudo divulgado em agosto de 2011 pelo U.S. Geological Survey, órgão vinculado ao Ministério do Interior dos EUA (U.S. Department of the Interior), encontrou resíduos de glifosato no ar e em água da chuva e de riachos em zonas agrícolas da bacia hidrográfica do rio Mississippi, nos EUA. O metabólito AMPA, um produto da degradação do glifosato, altamente tóxico e que tem persistência ambiental maior que a do próprio glifosato, também foi frequentemente detectado em riachos e na chuva. A ocorrência do veneno em riachos e no ar indica que ele é transportado a partir do ponto de uso e se espalha no meio ambiente. Tanto no ar como na chuva, a frequência de detecção de glifosato variou de 60 a 100%.
No Brasil, estudo realizado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e publicado em 2010 informa que um monitoramento realizado entre 2004 e 2005 encontrou resíduos de glifosato (além de outros agrotóxicos) nas águas do rio Corumbataí e tributários (o rio Corumbataí nasce no município de Analândia, atravessa Corumbataí, Rio Claro e Cordeirópolis e desagua no rio Piracicaba).
Segundo o relatório da Cetesb, Monteiro, Armas e Queiroz (2008) analisaram vários herbicidas em amostras de água do rio Corumbataí e principais afluentes e verificaram que a frequência de detecção e a concentração dos herbicidas foram maiores no início das chuvas intensas.
Por AS-PTA, com informações de:
Red Universitaria de Ambiente y Salud, 07/01/2012.
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