A grande aposta da Dow é uma adaptação da semente mais cara que a Monsanto vende nos EUA e que a própria empresa já reconheceu ser menos produtivas que suas variedades anteriores. Lá, a propaganda foi muita, como sempre, mas o fraco desempenho das sementes gerou queda de 8% nas ações da Monsanto.
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Valor Econômico, 07/03/2012.
Em 2006, as vendas de sementes não representavam mais do que 10% da receita global da Dow AgroSciences, a divisão agrícola da americana Dow Chemical Company. O negócio de pesticidas era hegemônico, responsável por 90% do faturamento. Mas essa composição vem mudando. Em 2011, as sementes responderam por um quinto das vendas e somaram US$ 1,1 bilhão, 35% a mais do que no ano anterior. A comercialização de defensivos [agrotóxicos] aumentou cerca de 10%, a US$ 4,6 bilhões.
Só no Brasil, a Dow ampliou em 25% as vendas de sementes no ano passado, conta Ramiro De La Cruz, presidente da companhia no país. É mais do que o dobro do crescimento observado nas vendas de defensivos, estimado em 12%. “Na média, o mercado de sementes cresce três vezes mais do que o de agroquímicos”, observa. A companhia não revela o faturamento relativo ao Brasil, mas a América Latina responde por aproximadamente um quarto de sua receita total.
A Dow estima que, até 2015, o negócio de sementes deverá responder por quase um terço da receita vinda da agricultura. A grande aposta da companhia é um produto em parceria com a Monsanto, líder no mercado global de sementes, que será lançado no segundo semestre, para o cultivo da safra 2012/13. Trata-se de um híbrido de milho transgênico, com cinco genes inseridos (dois próprios e três da Monsanto) para dar à planta tolerância a dois tipos de herbicida e a três espécies de lagarta.
Batizado de PowerCore, o produto é uma versão nacional do SmartStax, um híbrido com oito eventos transgênicos [piramidados] lançado pelas duas companhias nos Estados Unidos, em 2010, e o responsável pelo crescimento da Dow no mercado americano de sementes no ano passado. (…)
Tony Klemm, líder global de Sementes, Biotecnologia e Óleos Saudáveis da Dow, afirma que a parceria com a Monsanto tem o objetivo de reduzir custos com pesquisa e desenvolvimento e a troca de informações entre elas. O executivo nega que os laços possam resultar em uma integração e ressalta que o acordo atual se restringe à esfera técnica. (…)
Alegria afirma que o Brasil é o alvo preferencial da companhia. “De todo investimento global em pesquisa e produção, mais de 50% virá para o Brasil”, afirma. Ele lembra que a produtividade média das lavouras de milho no país ainda é a metade dos Estados Unidos. “Há muito espaço para crescer”, conclui. A empresa desenvolve também uma variedade própria de soja, tolerante a dois tipos de herbicida e resistente a insetos, que só deve chegar ao país a partir de 2017.