A Monsanto cobra um valor alto e grande parte dele sobre os ganhos de produtividade
Tarso Veloso | De Brasília
Com o provável lançamento de uma nova soja transgênica (a Intacta RRpro) na safra 2012/2013, a Monsanto e as associações que representam os produtores da commodity começaram uma queda de braço em torno da cobrança de royalties do novo produto, cinco vezes maior que seu antecessor (RR1) que custa, em torno, de R$ 22 por hectare. Para a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), a Monsanto cobra um valor alto e grande parte dele sobre os ganhos de produtividade, algo impossível do agricultor prever.
O preço dos royalties – custo pago pelo produtor pelo uso da tecnologia – do novo produto ficará em torno de R$ 115 por hectare. O valor é referente a 33% dos ganhos totais de R$ 346 por hectare calculado pela Monsanto. A empresa estima que estes ganhos virão da suspensão de três aplicações de inseticidas por safra e no aumento de produtividade de seis sacas por hectare, em média. Os resultados foram baseados em testes realizados em 500 propriedades de várias regiões do país durante esta safra.
O vice-presidente comercial da Monsanto, Rodrigo Santos, diz que os produtores poderão optar pela adoção da tecnologia e se diz confiante no sucesso dela. “O produto é revolucionário e possui muitos benefícios em comparação ao preço cobrado por sua utilização”, diz Santos.
De acordo com ele, o novo produto alia três vantagens: produtividade maior, tolerância ao glifosato proporcionada pela tecnologia Roundup Ready (RR), e proteção contra as principais lagartas que atacam a cultura da soja. A tecnologia BT é a responsável por criar a resistência aos insetos, que morrem quando se alimentam da planta.
O presidente da Aprosoja, Gláuber Silveira, diz que cabe à empresa colocar o preço da tecnologia. Para ele, o valor precisa ser referente ao ganho proporcionado e não pode pesar demais no bolso do agricultor. “O produtor vai decidir se vale a pena ou não usar o produto. Mas achamos que é bom ter mais tecnologia, pois amplia o leque de possibilidades”, disse Silveira.
Segundo ele, existem conversas em relação às cobranças, mas não pode existir um posicionamento radical pela queda no preço. Ele diz, porém, que a forma de cobrança precisa ser revista. “Deveríamos discutir o valor cobrado em cima dos ganhos e não das projeções”, defende.
Como todos os cultivos transgênicos, a RRpro vai exigir uma zona refúgio exigida por lei (sic). Neste caso, o produtor deverá reservar para cada hectare plantado, 20% da área para outra variedade de soja que não seja BT. A empresa explica que se o procedimento não for feito, a resistência oferecida pelo grão pode ser perdida em cinco ou seis anos. “A medida é para preservar os benefícios proporcionados pela transgenia. Caso contrário, as espécies podem perder a resistência às lagartas”, afirma Santos.
Com o produto pronto e aprovado pela CTNBio desde 2010, a Monsanto espera a liberação de importação na China e na Europa – principais clientes do Brasil – para colocar a tecnologia à disposição do produtor. A expectativa da companhia é que a autorização venha na próxima safra.