Um novo estudo mostra que as mutações genéticas que levam os insetos praga a desenvolver resistência às plantas transgênicas podem ser muito mais diversas em condições de campo do que nos testes de laboratório. Estes são frequentemente usados visando o desenvolvimento de estratégias que possam evitar a emergência da resistência nas pragas, mas as novas evidências indicam que tais testes podem ser insuficientes. A pesquisa foi publicada no Proceeding of the National Academy of Sciences (PNAS).

Haonan Zhang, pesquisador da Nanjing Agricultural University, China, e sua equipe, investigaram as mutações genéticas de Helicoverpa armigera em áreas de algodão transgênico no norte do país e descobriram que a lagarta apresenta mutações genéticas mais diversas do que antes imaginado, permitindo-a sobreviver, potencialmente, nas culturas transgênicas.

Assim como nas mutações recessivas já observadas em estudos de laboratório, os pesquisadores identificaram também mutações dominantes que podem blindar as lagartas da ação de toxinas como o Bacillus thuringiensis (Bt) – bactéria de solo que produz uma toxina letal a organismos com sistema digestivo alcalino [e que é usado nas plantas transgênicas] – e outros inseticidas. A dominância na mutação significa que uma única cópia do gene seria suficiente para conferir resistência nos descendentes da praga.

Isso também pode significar que o recomendado plantio de áreas de refúgio para a multiplicação dos insetos em plantas convencionais também pode ser menos eficaz do que se imaginava.

“A resistência dominante é mais difícil de se manejar e não pode ser prontamente reduzida pelo refúgio, que são úteis para quando a resistência é recessiva”, disse Bruce Tabashnik, co-autor do estudo e chefe de Entomologia da Universidade do Arizona.

Tabashnik acrescentou que para além das mutações conhecidas, a equipe achou muitas outras mutações, a maioria no mesmo gene, mas uma em um gene completamente diferente.

Graham Head, chefe da gestão global de resistência de insetos da Monsanto disse ao SciDev.Net que a detecção precoce de resistência é um objetivo importante, mas afirmou que o estudo de Zhang não estabelece uma relação direta entre esses novos mecanismos genéticos e a real capacidade da larva de sobreviver nas plantações de algodão.

Adaptado de Scidev.net, 26/07/2012.

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