CORREIO DO POVO, 19/08/2012

Atualmente, custo pelo uso da tecnologia RR é de 2% da produção, mas chegará a 7,5% com plantio da Intacta

Produtores rurais da Região Centro-Oeste do Estado [do RS] darão início, no dia 30, na Expointer, a uma campanha contra o pagamento de royalties pelo uso da soja RR, produzida pela Monsanto. Capitaneada pelo Sindicato Rural de Santiago – que abrange Unistalda e Capão do Cipó -, a ação busca coibir a cobrança da tecnologia transgênica na moega. Serão distribuídos 5 mil adesivos e mil folders, além da fixação de faixas nas principais rodovias da rota de produção da oleaginosa no Interior. A cobrança na entrega da safra já é utilizada pela Monsanto em sua tecnologia de soja RR e deve ser adotada também para a variedade Intacta RR2, com previsão de venda a partir de dezembro. Pelo sistema implantado, o produtor pode optar por pagar a taxa tecnológica sobre a semente a um preço fixo – que na tecnologia RR é de R$ 22,00 por hectare e será de R$ 115,00 na Intacta. Caso ele salve o insumo para uma outra safra, a Monsanto cobra percentual sobre a entrega na moega. Hoje, sobre a RR incide a taxa de 2% e na Intacta RR2 será de 7,5%.

Além de serem contra o sistema de cobrança, a notícia de que Farsul e Fecoagro, que integram a comissão que trata de assuntos relacionados a royalties, teriam uma reunião com a Monsanto na segunda-feira gerou críticas de sojicultores de nove municípios. Pelo menos dois sindicatos, o de Tapes e o de Santiago, irão elaborar um documento à Farsul, após realizarem assembleia no início de setembro com produtores associados, esclarecendo que não querem ser representados pelas federações na negociação. “Nosso receio é que aconteça como na safra 2000/2001, que tivemos que iniciar a pagar os royalties sobre produção após a negociação. Quem pagou foi o produtor. Não queremos que isso se repita”, diz o presidente do Sindicato Rural de Tapes, Juarez Petry.

Em dois encontros de produtores com a Farsul, em julho, um na Capital e outro em Júlio de Castilhos, sindicatos teriam deixado claro que não aceitariam pagar na moega. “Não aceitamos cobrança em cima de produção. Aceitamos apenas pagar pela tecnologia”, diz o presidente do Sindicato Rural de Santiago, Fernando Gonçalves.

O vice-presidente do Sindicato Rural de Santo Ângelo, Ricardo Copetti, ficou surpreso. “Existe uma ação na Justiça para cair a cobrança na moega da soja RR. Enquanto não há decisão, a Farsul não pode negociar.”

O presidente da Fecoagro, Rui Polidoro, argumentou que a comissão ouvirá a proposta da Monsanto, mas afirmou: não haverá uma decisão unilateral. “Os produtores serão consultados.” Já o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, foi sucinto: “Só falo sobre royalties em 15 dias”.

O diretor da Monsanto Márcio Santos anunciou que a estratégia comercial para a soja Intacta já está consolidada. “Mesmo assim, sentaremos com a Farsul e a Fecoagro para ouvir o que as lideranças têm a dizer.” Sobre o eventual desacordo entre os produtores e seus representantes, Santos disse que não cabe a ele comentar.