Boletim diário da SBPC perde sua editora
texto enviado por Nagib Nassar, professor emérito da Universidade de Brasília
http://www.geneconserve.po.br/
Recebi com muita inibição a notícia de que Renata Dias deixará o JC no dia 14 de dezembro. Nunca encontrei com ela, mas conheci sua habilidade como editora através do jornal. Incansável defensora do meio ambiente, e uma consciente intelectual, em sua estada o JC se tornou um instrumento muito ativo em transferir a comunidade científica no Brasil nossos alertas e nossas preocupações sobre o ambiente.
O jornal que foi criado 20 anos atrás nunca alcançou público, e tantos leitores e influenciou política de ciência no Brasil como agora. Foi pelo esforço dela e sua dedicação e incansável trabalho. Me parecia que não dormia antes ler todos as mensagens e comentar genuinamente sobre elas, editando-as se preciso, organizando-as e colocando no formato do JC.
Durante sua gestão criou o modelo ideal do jornal tanto na forma como no conteúdo e cuidou de todos os aspectos que garantiram ampla difusão, alcançando leitores distantes na geografia e na mentalidade, e de setores variáveis da comunidade científica.
A Renata sempre foi presente em todos os acontecimentos científicos no Brasil e reagiu com consciência e conhecimento, fazendo o jornal referência tanto para cientistas como para policymkers no Brasil e em toda América Latina.
Na sua gestão, o impacto do jornal estendeu fora do Brasil e do continente e foi procurado até por brasileiros que estudam no Exterior, Estado Unidos e Europa. Acharam nele um reflexo de seus pensamentos e anseios, e nele encontram notícia de ciência em seus países.
A própria ‘Opinião do Leitor’ é uma criação dela, de sua habilidade e sua inovação. Sempre cuidava que os artigos publicados atingissem seus alvos e tivessem maior impacto, despertando leitores e os incentivando a pensar e a comentar.
Sua visão sempre foi baseada em ampla base de conhecimentos editoriais e decidia sobre publicação após coleta de informações em áreas científicas variáveis, consultando autoridades e informando aos autores sobre outros pontos de vista. Ela comunicava com todos com espírito muito cordial e amistoso, tanto com autoridade de governo como os autores e trocava ideias com ambas pela mesma facilidade, trânsito e espírito muito amigável.
Recebia textos, os corrigia e editava. Durante minha vida científica de mais de cinquenta anos nunca vivenciei, tratei ou conheci uma editora tão hábil como a Renata. A Renata deixa o Jornal, mas continua em nossas mentes e nossos corações, e sua marca deixada no JC será lembrada por nós.