mais uma matério do Valor Econômico que fala da expolsão dessa praga sem relacionar o fenômeno à expansão das lavouras transgênicas (inseticidas do tipo Bt);

O MAPA aproveitou a deixa para incluir no pacote métodos de controle biológico e alternativo.

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VALOR ECONÔMICO, 15/03/2013

O Ministério da Agricultura autorizou ontem a utilização de dois produtos biológicos (o vírus VPN HzSNPV, conhecido como Baculovírus, e o Bacillus Thuringiensis, um tipo de bactéria) e três químicos (Clorantraniliprole, Clorfenapyr e Indoxacarbe) no combate à Helicoverpa zea, uma lagarta antes comum em lavouras de milho, que passou a causar danos significativos em campos de soja e algodão. 

A estimativa é que a lagarta tenha causado prejuízos de R$ 2 bilhões nas últimas duas safras no Brasil, sendo R$ 1 bilhão apenas na região oeste da Bahia.

Os produtos autorizados pelo ministério já tinham registro no Brasil, e a extensão de sua aplicação deve ser publicada no Diário Oficial da União entre hoje e segunda-feira, quando estarão liberados para comercialização.

A decisão do governo, que faz parte de um conjunto de estratégias delineadas para conter o avanço da Helicoverpa, abre ainda uma preciosa oportunidade para o mercado de controle biológico. Essa modalidade de combate a pragas já é forte no segmento de cana-de-açúcar há cerca de 30 anos no Brasil, mas ainda incipiente entre os cultivos de grãos.

Gustavo Herrmann, presidente da Associação Brasileira de Controle Biológico (ABCbio), calcula que esse mercado movimente entre R$ 60 milhões e R$ 80 milhões anualmente no Brasil, com cerca de 80 empresas já em atividade ou em processo de registro, mas o peso do segmento tende a crescer com a intensificação do manejo integrado de pragas, uma das saídas apontadas inclusive pela Embrapa para conter a lagarta. “Seria um controle casado”, diz.

O manejo integrado incentiva a ação de inimigos naturais sobre os agressores de uma planta, mas não elimina a necessidade de defensivos químicos, embora reduza a quantidade utilizada. Somente no oeste da Bahia, onde o ataque da Helicoverpa é mais grave, uma lavoura de soja que recebia normalmente oito aplicações de inseticidas, a US$ 100,00 por hectare, passou a custar US$ 200,00 por conta da praga, já que subiu para 15 o número de aplicações. “Num primeiro momento, já seria possível reduzir em 10% essa aplicação de defensivos com os produtos biológicos”, afirma Herrmann. O custo giraria em torno de US$ 30 a US$ 50 por hectare.

Além dos produtos já liberados pelo governo, há outros que ainda aguardam autorização. A subsidiária brasileira da multinacional holandesa Koppert Biological Systems (uma das maiores de defensivos biológicos e polinizadores do mundo) iniciou seus trabalhos em 2011 em Piracicaba (SP), e no ano passado já havia entrado com pedido de registro para o uso do inseto Trichogramma pretiosum contra a Helicoverpa.

Herrmann, que acumula o cargo na ABCBio com o de diretor comercial da Koppert, explica que o Trichogramma pretiosum é uma vespinha, do mesmo gênero da utilizada nas lavouras de cana. Em laboratório, ela é exposta a ovos de Helicoverpa, do qual se alimenta e onde também deposita seus ovos, impedindo a praga de se desenvolver. Depois, cápsulas com ovos da Helicoverpa parasitados pelo Trichogramma são lançadas no campo, onde a vespa nasce, voa, encontra outro ovo da lagarta e volta a parasitá-lo. Isso contribui para reduzir progressivamente a população da lagarta.

Com o registro do produto em mãos, a Koppert espera atender de 100 mil a 200 mil hectares no país.