Girassol Agrícola, 28/03/2013
Perigo – A Helicoverpa zea Turbinada Chegou
POR: José Cláudio de Oliveira, Eng° Agrônomo – JCO Bioprodutos, Bahia
Conhecida em um passado recente como a lagarta-da-espiga do milho, a Helicoverpa zea era considerada como uma praga secundária segundo os manuais. Esta praga não exigia atenção já que a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, com o seu hábito canibal predava a Helicoverpa zea mantendo-a sobre um nível de controle razoável.
Em um cenário em que a lagarta-do-cartucho se tornava cada vez mais prejudicial e resistente ao arsenal de inseticidas químicos, provocando enormes danos econômicos na cultura do milho e algodão, surgiu o milho Bt. A salvação da pátria, o tão sonhado e esperado milho Bt prometia terminar por vez com a preocupação e a perda de sono com a Spodoptera frugiperda. Bastou 2 safras para a lagarta-do-cartucho criar resistência a primeira tecnologia Bt. Porém o problema maior não foi a resistência, e sim a Helicoverpa zea que se aproveitou da ausência temporária da Spodoptera e se multiplicou de forma explosiva. Esta praga não respeitou materiais Bt e muito menos inseticidas químicos.
Atualmente no oeste da Bahia os prejuízos causados por ela talvez ultrapassem 1 bilhão de reais, somando o que se gastou a mais para a tentativa de seu controle. Na soja, ficou em torno de 200 reais/ha em inseticidas e perdas médias de 5 sacos/ha. Já no algodão, o prejuízo será de 600 a 1000 reais a mais por ha em inseticidas e perdas de no mínimo 50@ em caroço por ha. Para a próxima safra é provável que a Helicoverpa zea esteja mais forte e mais resistente e que a lagarta-do-cartucho venha de brinde em virtude da pressão seletiva. Resumindo, vamos ter pragas mais fortes, altos gastos com a tecnologia Bt, inseticidas mais caros (certos produtos custam mais de 100 reais por aplicação), e com resultados duvidosos.
Continuamos vendendo commodities como soja, milho e algodão. Entretanto o consumidor não vai querer pagar mais caro porque estamos gastando mais. Além de que a agricultura é uma fábrica a céu aberto, sujeita a todo tipo de intempérie, como tem acontecido com os danos devido ao clima aqui no oeste da Bahia nos últimos dois anos. Como fica a renda do produtor em caso de perda? Que matemática perversa é esta da agricultura moderna que só se aumenta o custo e o risco para o produtor?
Acredito que temos que nos voltar a um conhecimento e equilíbrio maior com a natureza, uma vez que a via química com toda sua simplicidade de aplicação e uso, tem mostrado um futuro sombrio. Partindo do principio de equilíbrio biológico da natureza, sabemos que para cada praga e doença, há um organismo antagônico, um inimigo natural. Assim sendo, os produtos que tem produzido melhor resultado no controle da Helicoverpa zea são formulados a base da bactéria Bacillus thuringiensis (nome comercial: Dipel, Baccontrol, Agree e etc). Existem também produtos a base de baculovírus VPN HzSNPV, um vírus que contamina e mata a lagarta, que é amplamente usado na Australia.
Em termos de fungos entomopatogênicos, acredito que o mais fácil de produção e uso seria o Metarhizium, já usado habitualmente para controle da cigarrinha na cana-de-açúcar e pastagens e também aplicado para o controle de cupim e percevejo marron. Em condições ambientais adequadas (calor, umidade, sombra e matéria orgânica) este fungo se multiplicaria em insetos, na matéria orgânica e nas pupas da Helicoverpa zea e Spodoptera frugiperda no solo.
É difícil de imaginar sustentabilidade ambiental e econômica das nossas lavouras sem o uso de organismos benéficos no processo produtivo. Quando Deus disse na bíblia: Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra; entendo que o dominar é conhecer e conviver em harmonia e não subjugar e destruir a natureza.
Atenciosamente,
Gilberto Goellner
Girassol Agricola
Existe vários equívocos nesta reportagem…. mas vou me ater ao principal… Não se trata de Helicoverpa zea, mas sim Helicoverpa armigera, que não existia no Brasil…. Houve sim, um problema de vigilância fitosanitária….