VALOR ECONÔMICO, 30/04/2013
Mauro Zanatta
O ministro da Agricultura, Antonio Andrade, viaja na sexta-feira a Pequim para negociar prazos para liberação comercial de novos tipos de soja transgênica tolerantes a herbicidas e resistentes a pragas cuja agressividade têm ampliado os estragos na produção brasileira. Andrade também pedirá às autoridades chinesas a retomada das importações de carne bovina, suspensas pelo país asiático desde o anúncio, em dezembro de 2012, do caso atípico de “vaca louca” no Paraná.
No caso da soja, a estratégia será mostrar o tema como questão de Estado por envolver a Embrapa, uma empresa pública brasileira, nas negociações. O “escudo” servirá para arrefecer a crescente rejeição dos chineses à tecnologia transgênica, avalia-se no governo. A China ainda não concedeu registro comercial a novas variedades transgênicas. Entre elas, estão a Cultivance, desenvolvida pela parceria entre a Embrapa e a multinacional Basf, e a Intacta RR2, propriedade da americana Monsanto.
Em virtude disso, as variedades ainda não foram lançadas comercialmente no mercado brasileiro. A RR2 obteve aprovação no Brasil em agosto de 2010, e já está liberada em 12 outros países e na União Europeia, segundo a empresa. A demora no sinal verde para a importação preocupa os produtores, que estão impedidos de plantar essas novas sementes em razão da rejeição chinesa, maior mercado mundial para a soja brasileira.
A cultivar da Monsanto, por exemplo, promete colheita de quase 60 sacas de 60 quilos por hectare – na média, a Conab prevê uma colheita de 49,3 sacas na safra 2012/13 -, além de garantir resistência à lagarta Helicoverpa armigera, cujos estragos superam R$ 2 bilhões entre elevação de custos e perda de produtividade. Nos bastidores, informa-se que a múlti poderia atender a 10% da área plantada no Brasil com a RR2, ou 2,7 milhões de hectares.
Há duas semanas, o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira, e o senador Blairo Maggi (PR-MT), estiveram em Pequim para tratar do tema. E, pelo relato, os chineses estão refratários aos novos transgênicos. “Ficou nítido o interesse das empresas por soja convencional”, afirma Silveira. “Nos foi colocado que a grande massa é menos sensível à diferenciação transgênico e convencional. Compra o mais barato. Mas uma parcela da população chinesa melhor colocada financeiramente teria preferência por produtos não transgênicos”. Nesse contexto, empresas importadoras mostraram interesse em criar um mercado específico para a soja convencional, mesmo se tiverem que pagar mais.
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“Nos foi colocado que a grande massa é menos sensível à diferenciação transgênico e convencional. Compra o mais barato. Mas uma parcela da população chinesa melhor colocada financeiramente (e também mais informada) teria preferência por produtos não transgênicos”, assim empresas possuem cada vez mais interesse pela soja convencional, é a lei de mercado… essa é a saída: INFORMAÇÃO! O caso é crítico pois se a China liberar a compra, vai incentivar mais a produção de transgênicos aqui, e por outro lado se ela negar a liberação, provavelmente serão mais transgênicos nos pratos dos brasileiros.