Pesquisadores da Universidade de Caen e Rouen, na França, conduziram avaliação detalhada sobre efeitos de transgênicos na saúde de mamíferos. Os resultados mostram efeitos colaterais no fígado e rins, danos no coração, glândula supra-renal, baço e sistema hematopoiético (responsável por formar os constituintes do sangue).
Os cientistas analisaram os dados de três estudos sobre alimentação de cobaias (ratos), realizados pela Monsanto ou em nome da Monsanto. Os estudos, que tiveram a duração de apenas 90 dias, avaliaram os milhos transgênicos MON 810, MON 863 (ambos tóxicos a lagartas) e NK 603 (tolerante à aplicação do herbicida glifosato).
Os estudos foram fornecidos pela Monsanto às autoridades de saúde para obter a autorização para comercializar os produtos, mas os pesquisadores só conseguiram a íntegra dos documentos da Monsanto através de uma ação judicial.
As conclusões dos cientistas a partir da análise dos dados brutos são bem diferentes das conclusões da multinacional sobre os mesmos dados. Segundo Gilles-Eric Séralini, um dos autores da nova avaliação, as autoridades de saúde se baseiam na leitura das conclusões apresentadas pela Monsanto e não no conjunto dos números.
Os pesquisadores concluíram que todos os três transgênicos avaliados contêm novos resíduos de agrotóxicos que estarão presentes nos alimentos e rações e poderão apresentar graves riscos de saúde a quem consumi-los. Eles também defenderam a proibição imediata da importação e do cultivo destes transgênicos e recomendaram a condução de estudos adicionais com alimentação de cobaias de longo prazo (mais de dois anos) e multigeracionais, envolvendo pelo menos três espécies, para fornecer dados realmente válidos cientificamente sobre os efeitos agudos e crônicos das lavouras, alimentos e rações transgênicas.
Segundo os autores do novo estudo, é irônico que os dados brutos confidenciais da Monsanto sobre os testes com as cobaias, que foram agora reanalisados, tenham permitido a autorização internacional para a comercialização dos três milhos transgênicos em várias partes do mundo. O Criigen (Comitê de Pesquisa e Informação Independente sobre a Engenharia Genética – França), que participou do estudo, denuncia em particular as opiniões anteriormente emitidas pelas autoridades europeias e francesas, além de outros, afirmando a ausência de riscos destes transgênicos com base em testes conduzidos por apenas 90 dias em ratos. Além de criticar as falhas na análise dos detalhes estatísticos das pesquisas, o Comitê também enfatizou o conflito de interesse e a incompetência destes comitês para confrontar tecnicamente esta nova análise, uma vez que eles já votaram positivamente sobre os mesmos testes ignorando os efeitos colaterais.
Fontes:
– International Journal of Biological Sciences 2009; 5:706-726.
Artigo completo disponível em: http://www.biolsci.org/v05p0706.htm
– Nota à Imprensa do Criigen: Three Major GMOs Approved for Food and Feed Found Unsafe, Caen, 11/12/2009.
http://www.gmwatch.org/latest-listing/1-news-items/11800-three-approved-gmos-found-unsafe
– Em Defesa da Comida, 15/12/2009.
http://emdefesadacomida.blogspot.com/2009/12/estudo-prova-que-tres-milhos-da.html
N.E.: No Brasil a CTNBio já autorizou uma variedade de milho que combina dois destes eventos transgênicos, o milho MON 810 + NK 603.