A Monsanto introduziu um gene na soja dando-a resistência ao Roundup, porém o contrato afirma que ela é proprietária de toda a planta. Como pode ela reivindicar direitos de propriedade sobre toda planta se ela introduziu apenas um gene?
28 de Maio de 2009 | Laura Stefani | Sloweek
Esta infatigável francesa de jornalismo investigativo tem em seu currículo uma gama impressionante de livros de impacto, reportagens e documentários. Estes incluem “Voleurs d’yeux” (Ladrões de Olhos) sobre o tráfico de órgãos, que lhe rendeu, em 1995, o cobiçado prêmio “Albert London” e “Escadrons de la mort, l’école française” (Esquadrões da Morte: a escola francesa), sobre as conexões entre o Serviço Secreto francês e as ditaduras argentinas e chilenas, que foi descrito, em 2004, pelo Senado francês como “o melhor documentário do ano.”
Porém, Marie-Monique Robin também se orgulha de ser filha de pequenos agricultores. Ela explica porque dedicou quatro anos de sua vida à investigação da empresa global líder na indústria dos transgênicos, a Monsanto, que agora é dona de 90% dos OGMs mundialmente cultivados (principalmente soja, milho, algodão e canola).
“Eu sempre me interessei por direitos humanos e agricultura. Mais recentemente comecei a trabalhar sobre os perigos a que se acha submetida a biodiversidade: aqui três problemas acham-se incrivelmente entrelaçados.”
O resultado deste trabalho foi “O Mundo Segundo a Monsanto” um livro investigativo que cobre a história, as estratégias escondidas e os verdadeiros objetivos desta controversa multinacional.”
Publicado agora na Itália, ele foi traduzido para 13 línguas e a versão filmada em DVD, já foi distribuída em 22 países. Desde o ano de sua primeira publicação na França, desencadeou um debate internacional maciço, mas nenhuma reação oficial do colosso da biotecnologia, a não ser a criação de um blog [pela Monsanto] que se ateve a negar os pormenores mencionados no livro: também outro reconhecimento, mesmo que inadvertido, da seriedade do trabalho de Robin.
P: “No livro você mostra como a Monsanto, quando era uma das mais importantes empresas mundiais da indústria química, deliberadamente mentiu em muitas ocasiões, especialmente com relação à toxicidade dos seus produtos, desde os PCBs (policlorobifenois) até à dioxina e o Agente Laranja usado no Vietam. Agora está manipulando as sementes que entram nas nossas dietas. Podemos confiar neles?”
R: “De modo algum. Eles mentiram no passado e continuarão a fazê-lo, mesmo que nos seus sites
afirmem coisas como “nos ajudamos aos pequenos agricultores a produzir alimentos mais saudáveis com impacto ambiental reduzido.” Na realidade nada disso é verdade, basta olhar as sementes RoundupReady (RR). A soja transgênica, por exemplo, o primeiro OGM lançado mo Mercado, agora constituiu 90% de toda soja plantada nos EUA.
Ela foi manipulada para resistir a um herbicida poderoso baseado no glifosfato chamado Roundup que é produzido pela Monsanto desde a década dos 70 (desde 1988 há também uma versão para jardins domésticos). A multinacional afirmava que era um herbicida 100% biodegradável, que era totalmente inofensivo a humanos e ao meio ambiente. É pena que foi constatado ser ela culpada, primeiro nos EUA e, recentemente na França, por propaganda enganosa.
No ano passado um estudo confidencial da Monsanto veio a público. Nele foi enfatizado que apenas
2% do Roundup se decompõem no solo, e somente após 28 dias! Muito longe do conceito de biodegradabilidade. Esta é uma mentira crucial, pois 70% dos OGMs atualmente cultivados no mundo foram geneticamente manipulados de modo a suportar pulverização com o Roundup.
P: “O Roundup pode prejudicar a saúde?”
R: “Ele é muito tóxico e a longo prazo pode causar câncer, como mostro no livro, com base em diversos estudos científicos, mas conduz, também a esterilidade, abortos e defeitos físicos. Ele age como desorganizador endócrino, com alterações nos sistemas reprodutores masculino e feminino. Na Argentina encontrei pessoas que vivem perto de enormes plantações de soja com pulverização aérea. Os efeitos imediatos de intoxicação aguda foram dermatites, inflamação dos olhos, vômitos e dificuldades respiratórias. E pensar que o Roundup é o herbicida mais vendido no mundo! A Dinamarca é único país a não permitir o seu uso.”
P: “Qual é a posição da Monsanto com relação aos “efeitos colaterais” dos GMOs?”
R: “Muito tranquilizadora. De acordo com a empresa, a manipulação genética foi completamente estudada e realmente não existem riscos à saúde. Isto não é verdade: Ela nunca foi seriamente investigada. Não temos a menor idéia quais as conseqüências que os OGMs podem ter na saúde humana dentro de 20 anos.
P: “Há 100 milhões de hectares cultivados com lavouras transgênicas em todo mundo. 70% dos alimentos vendidos nas lojas americanas contêm organismos geneticamente modificados e não houve estudo científico apropriado. Como isto é possível?”
R: “Para entender o que aconteceu é preciso ler o regulamento para os OGMs dos EUA, onde tudo começou. A principal revelação do meu livro relaciona-se com a enorme influência exercida pala Monsanto dentro da Administração de Alimentos e Fármacos (FDA, na sigla em inglês), a agência federal nos EUA responsável pela segurança de alimentos e remédios liberados ao comércio.
O mecanismo usado é a assim chamada de situação das “portas giratórias” (no qual as pessoas alternam entre setores privados e governamentais), ele é muito comum nos EUA e extensamente explorado pela Monsanto. Ele realça o conluio entre lobbies industriais e autoridades políticas.
Neste caso específico descobri que o documento base de 1992, que regulamenta – ou antes não regulamenta – os OGMs, foi redigido por Michael Taylor. Este, que foi advogado da Monsanto que entrou para a FDA especificamente para tratar deste assunto, e que depois retornou à Monsanto como vice presidente. O texto assinado por Michael Taylor baseia-se no “princípio de equivalência substancial“, de acordo com o qual um OGM é grosseiramente similar à sua contraparte natural, i.e. a planta convencional. Por isso é desnecessário sujeitá-la a qualquer estudo.
Isto é uma imensa fraude, pois este princípio não é baseado em quaisquer dados científicos: foi uma decisão política em favor dos interesses das empresas multinacionais, como admitido francamente por James Maryanski (microbiologista que trabalhava para o FDA e que depois passou à administração da Monsanto). Além do que, em 1992 eles não poderiam ter realizado estes testes, mesmo que quisessem, pois os OGMs ainda estavam sendo desenvolvidos em laboratório.
P: “Qual tem sido a reação do mundo científico desde aquele tempo?”
R: “Como foi revelado mais tarde, na ocasião muitos cientistas do FDA e pesquisadores opuseram-se ao princípio de equivalência substancial e solicitaram a realização de estudos que o comprovassem. Mas todos foram obrigados a se calar. É muito estranho: sempre que cientistas decidiram começar estudos toxicológicos sérios sobre o efeito dos OGMs, ele perderam seus empregos. Isto aconteceu com o bioquímico Arpad Pusztai, na Escócia, e Manuela Malatesta, quando era pesquisadora na Universidade de Urbino, na Itália. É um fenômeno recorrente. É assustador, as pessoas estão curiosas em saber o que vai acontecer comigo? A Monsanto tem silenciado professores universitários e jornalistas e qualquer um que se aventura a criticar ou expô-los. É por isso que digo, existe um sério problema com os OGMs, caso contrário haveria estudos transparentes e acessíveis.”
P: “Uma situação igualmente controversa é a questão da propriedade intelectual sobre sementes.
Qual é a estratégia global da Monsanto?”
R: “Seu objetivo é controlar toda a cadeia alimentícia, utilizando a valiosa ferramenta das patentes e royalties, a não ser isso a Monsanto teria entrado neste mercado. De ser uma multinacional da química, a empresa transformou-se no líder mundial da produção de sementes. Ela tem estado no topo desde 2005. Desde 1995 ele comprou, em vários países, mais do que 50 empresas que comercializam sementes. Seja nos EUA, na Índia ou América do Sul, é praticamente impossível achar sementes não transgênicas porque a Monsanto primeiro comprou as principais empresas no ramo e depois impôs suas sementes patenteadas.
Isto é um desenvolvimento decisivo: se uma semente é protegida por uma patente, os agricultores que a compram devem primeiro assinar um contrato, comprometendo-se a não reservar parte da colheita para replante na próxima estação, como sempre fizeram no passado. Agora eles são obrigados, anualmente, a comprar novas sementes e o herbicida Roundup, adivinhe de quem?
Como o economista Peter Carstensen, professor da Universidade de Madison no Wisconsin explica: “A empresa não vende mais sementes, mas aluga-as por um ciclo, mantendo sempre a propriedade da informação genética contida na mesma. A semente deixa de ser um organismo vivo tornando-se um mero produto. E o mercado das sementes é enorme: não esqueça que tudo que comemos existe porque um agricultor plantou uma semente na terra.”
P: “O que acontece com as pessoas que não respeitam o contrato?”
R: “A Monsanto tem uma agência de controle chamada “polícia genética”. É um sistema ultrajante: estas são agências particulares de investigação que vão aos campos dos agricultores e colhem amostras; eles pedem aos agricultores que apresentem as notas fiscais de compra de sementes e herbicidas da Monsanto, e caso eles não as tenham, são processados. A empresa sempre ganha, porque não respeitar um contrato é considerado quebra dos direitos de propriedade intelectual da Monsanto.
Ela não somente ganha quando o agricultor intencionalmente reservou parte de sua colheita, mas
mesmo se sementes OGM da propriedade de um visinho, ou por acaso, são encontradas nos campos de um agricultor que não planta sementes transgênicas. Isto aconteceu com Hendrik Hartkamp, um holandês que comprou uma fazenda no Oklahoma: ele foi processado e recebeu uma pesada multa. Por isso foi obrigado a vender sua propriedade. A justificativa do juiz? É irrelevante como as sementes chegaram lá, o agricultor é responsável pelo existe nas suas lavouras. Por isto é culpado! É incrivel.”
P: “Mas as sementes não deveriam ser a herança de todos os seres humanos?”
R: “Costumavam ser. Esta loucura começou nos anos 80 com o conceito da privatização da vida e das coisas vivas. Tudo começou quando um pesquisador, que trabalhava na General Electric, solicitou uma patente sobre uma bactéria que ele havia modificado geneticamente. O instituto de Patentes em Washington negou a patente. De acordo com a lei, desde que as bactérias eram seres vivos, não poderiam ser patenteadas. Ele recorreu, perdeu e novamente recorreu, e por fim a Suprema Corte dos EUA pronunciou as palavras fatídicas: “tudo, embaixo da luz do sol que for feito pelo homem” pode ser patenteado. Desse momento em diante houve uma corrida inestancável, patentes eram concedidas para genes, sementes e plantas.
Para dar uma idéia, o escritório de patentes em Washington, atualmente concede acima de 70.000 ao ano, 20% das quais são para organismos vivos. Entre 1983 e 2005 só a Monsanto obteve 647
patentes para plantas, quase todas do hemisfério sul.
P: “Uma empresa que patenteia espécies selecionadas por humanos por séculos. Isso parece uma forma de biopirataria?”
R: “Com certeza, e seguindo o seu raciocínio, há alguma coisa que não faz sentido. A Monsanto introduziu um gene, neste caso dando resistência ao Roundup, porém o contrato afirma que ela é proprietária de toda a planta. Isso é completamente ilógico, um total desprezo pela lei, que não mudou desde os anos 80. Como pode ela reivindicar direitos de propriedade sobre toda planta se ela apenas introduziu um gene?
P: “No início você mencionou a biodiversidade. Ela agora está em risco?”
R: “A contaminação genética está fazendo estragos em todos os lugarres. O exempla mais vivo é o Canadá. A Monsanto introduziu a canola transgenica RoundupReady em 1996. Como resultado da polinização cruzada, a canola convencional está em sério risco e a canola orgânica desapareceu
completamente.
No México o milho Roundup Ready está ameaçando centenas de variedade do milho criolo (150 apenas na região de Oaxaca ) que estão sendo cultivados por 5.000 anos. Estas variedades tradicionais são consideradas o principal alimento e eram sagradas para os Maias e Astecas.
Isto é um fenômeno incontrolável que está nitidamente causando uma redução na biodiversidade. E, evidentemente, a biodiversidade é uma condição necessária para a segurança alimentar.
P: “Então a segurança alimentar está também em risco, mas um dos principais argumentos em favor dos OGMs é ele podem derrotar a fome mundial. Alega-se que os benefícios destas sementes incluem seu custo moderado e altos rendimentos. Isto é verdade?”
R: “Isto é propaganda criminosa, e eu o afirmo abertamente. Para dizer a verdade o oposto está acontecendo: os OGMs estão levando à fome, e mesmo à morte, como é o caso na Índia, onde movimentos de pequenos agricultores condenam o “genocídio” causado pela introdução do algodão Bt transgênico da Monsanto. Ele é muito caro, quatro vezes mais do que a variedade convencional e requer o mesmo uso de pesticidas e de fertilizantes.
Os agricultores indianos que mudaram para o Bt incorreram em dívidas para adquirir estes produtos. Se a colheita é menor do que esperado, eles se acham em uma situação desesperadora, e nas mãos dos agiotas. Além disso foi demonstrado que o rendimento das plantas transgênicas sempre é menor (entre 5% a12%) do que o das convencionais.
A idéia de acabar com a fome mundial foi inventada por Burson-Marsteller, a grande agência de relações púbicas e de comunicação. No fim dos anos 1990 a Monsanto estava lutando e enfrentando problemas em diversas frentes, especialmente na Europa, pela oposição aos OGMs. Por isso contratou a Burson-Marsteller, que desenvolveu uma campanha publicitária pro-OGM, a ser promovida na França, Alemanha e Grã Bretanha. A mensagem que criaram e que continua a ser repetida desde então? ‘Graça os OGMs podemos construir um mundo melhor para todos.”
P: “Mas, a despeito de toda a propaganda ela foi redondamente derrotada em uma ocasião.”
R: “Sim, em 2004, por causa da introdução do Trigo RoundupReady nos EUA e no Canadá. Pela primeira vez em sua história ela teve que abandonar o lançamento de um produto. Ao manipular um cereal que responde por quase 20% da produção agrícola mundial e é o principal ingrediente da dieta de um em cada três seres humanos, a Monsanto tinha invadido um símbolo cultural, econômico e religioso que data do nascimento da agricultura: o pão nosso de cada dia. Nunca ela tinha ido longe. Por outro lado, em termos econômicos, a oposição na Europa representou um papel chave (na Itália através dos esforços da Grandi Molini Italiani, o maior grupo moageiro do país) junto com objeções do Japão, o principal importador trigo americano e canadense. Em consequência os grandes plantadores de cereais americanos recusaram categoricamente usar o produto OGM e isto foi decisivo.
No Canadá, pela primeira vez estavam lutando juntos com associações de consumidores e até com o Greenpeace, com quem sempre haviam discordado. E mundialmente, até hoje, não há cultivos de trigo transgênico.
P: “Você acha que é muito tarde para voltar?
R: ” A Argentina tem 14 milhões de hectares de soja RR: esta impregnou e poluiu o solo, que está
destinado à esterilidade porque o herbicida o livra de todas as bactérias e microrganismos, mesmo os úteis.
O primeiro passo é informar as pessoas a respeito dos seus efeitos. Depois das minhas investigações diversas cidades na França resolveram parar de usá-lo. Muitos comitês de cidadãos foram formados informando às famílias o que elas estavam usando em seus jardins. Se pudéssemos eliminá-lo teríamos resolvido parte do problema.Mas simultaneamente precisamos boicotar os OGMs e apoiar a agricultura orgânica, criar um mercado que permita aos produtores de retornar aos métodos orgânicos.
Isto é algo que nos diz respeito, tudo porque o Roundup nos é servido junto com nosso prato
principal: a carne que comemos vem de fazendas européias, de animais alimentados com soja transgênica dos EUA, da Argentina ou do Brasil. No momento, uma campanha está em andamento na França e na Alemanha exigindo a rotulagem de carne, leite e ovos produzidos por animais alimentados com ração que contém OGMs. Mas não é só o Roundup, ha muitos resíduos de outros pesticidas perigosos em nossas mesas.
P: ” Mas na Itália, assim como na Europa, sempre existiu um alto nível de conscientização.”
R: “Sim, a oposição dos consumidores é clara, porém no nível institucional as coisas são diferentes, apesar de, recentemente, estarem mudando. Por exemplo, em março, o Conselho de Ministros para o Meio Ambiente da União Européia apoiou a Áustria e a Hungria que se recusaram a plantar o milho OGM MON 810 da Monsanto, em oposição ao pedido da Comissão Europeia de suspender sua interdição. Mas o problema da Comunidade Européia é a EFSA, a Autoridade Européia de Segurança Alimentar: 80% de seus membros tem laços muito fortes com o lobby da biotecnologia. Aqui voltamos à questão da falta de independência científica e da pressão dos especialistas: um conflito de interesses em outras palavras.
P: “A Monsanto foi apoiada pelos governos Republicanos de Bush pai e filho, mas também pelos Democratas de Bill Clinton. Será diferente com Obama?
R: “Infelizmenta Michael Taylor está na equipe de transição de Obama. Enquanto estamos aqui conversando, o presidente americano está cogitando fazê-lo Diretor do Grupo de Trabalho de segurança alimentar. Foi Taylor quem propôs a nomeação de Tom Vislack como novo Secretário da Agricultura. De 1988 a 2006, Vislack foi governador de Iowa, um dos estados líder na produção de soja nos EUA: ele sempre apoiou os interesses do agronegócio e da biotecnologia. Parece bem claro que as políticas permanecerão as mesmas.
P: “Qual foi a parte mais difícil de sua investigação?”
R: “Uma coisa que eu não havia considerado: convencer as vítimas da Monsanto a depor. Todos tinham medo. Foi muito estranho. Geralmente, quando se trabalha na área dos direitos humanos as pessoas querem falar e ficam gratas pelo interesse que se mostra em suas histórias. Isto não ocorreu neste caso. Elas estavam amedrontadas com as consequências. Estavam com medo que você não fosse o que dizia ser, pois às vezes a Monsanto enviava falsos jornalistas equipes de TV. Eu consegui a confiança de muitas pessoas porque agora sou bem conhecida e as pessoas podem confirmar que eu realmente sou uma jornalista.”
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Tradução do italiano por Ronnie Richards
Laura Stefani é jornalista independente especializada em biodiversidade e sustentabilidade
Fonte: [Ban-GEF] Entrevista com Marie-Monique Robin‏
quinta-feira, 28 de maio de 2009
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