LOBBY: Quatorze membros da Assembleia Parlamentar europeia asseguram que as companhias farmacêuticas influíram sobre os responsáveis da saúde pública para promover suas vacinas no episódio do surto de gripe suína. Um especialista da OMS admitiu que seu instituto é financiado por um laboratório.

O jornal argentino Página/12, publicou uma longa reportagem sobre o caso, que foi traduzida para o português por Vanessa Aves. Leia abaixo alguns trechos:

(…) A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) trataria o tema na sua sessão que começa dia 25 deste mês. Sua Comissão de Saúde convidou para essa mesma semana a OMS e os laboratórios farmacêuticos envolvidos, segundo afirmou o presidente Assembleia, o epidemiologista alemão Wolfgang Wodarg. Segundo a moção apresentada pelos quatorze parlamentares de diferentes setores, “com o propósito de promover suas drogas e vacinas patenteadas contra a gripe, as companhias farmacêuticas influenciaram cientistas e agências oficiais, responsáveis pela saúde pública, para alarmar os governos no mundo inteiro. Desperdiçaram valiosos recursos em ineficientes estratégias de vacinação, e expuseram inutilmente a milhões de pessoas sãs ao risco dos efeitos colaterais desconhecidos de vacinas insuficientemente testadas”. (…)

Em uma extensa entrevista concedida ao jornal francês L’Humanité, Wodarg assegurou que a declaração de pandemia “não se justificava”. Só foi possível porque, em maio do ano passado, a OMS mudou sua definição do que constitui uma pandemia: antes, não só requeria que a doença espalhasse em muitos países ao mesmo tempo, mas tivesse consequências muito graves quanto a quantidade de casos mortais; na nova definição, suprimiu-se este critério e só se considerou o ritmo de difusão da doença”.

“Outra coisa que suscitou minhas suspeitas — acrescentou Wodarg — foi a recomendação da OMS de dar duas doses de vacina: não tinha nenhuma justificação científica. Também não se justificava sua recomendação de utilizar vacinas patenteadas: era perfeitamente factível, como cada ano, completar as vacinas da gripe estacional com as partículas antivirais específicas para o novo vírus.” Segundo Wodarg, estas novas vacinas implicam “um risco, já que, na pressa, em alguns casos, utilizaram coadjuvantes insuficientemente testados”, referindo-se especificamente à “ vacina elaborada pela Novartis”, produzida mediante “uma técnica que jamais havia sido utilizada até o momento”.

Wodarg também denunciou que “Klaus Stöhr, que era o chefe do Departamento de Epidemiologia da OMS na época da gripe aviária, e que preparou então os planos destinados a enfrentar uma eventual pandemia, logo passou a ser um importante funcionário da empresa Novartis. Vínculos similares existem entre marcas como Glaxo ou Baxter e membros influentes da OMS”. (…)

Compras desmesuradas

A Grã-Bretanha e a Alemanha, como já o tinham feito a Espanha e a França, decidiram cancelar ordens de compra de vacinas contra a gripe A (H1N1). O Departamento de Saúde britânico anunciou que renegociará seus contratos com Baxter International e com Glaxo-Smith-Kline e a Alemanha se propõe a cancelar a metade dos 50 milhões de doses que tinha ordenado a Glaxo-Smith-Kline.

Na segunda-feira passada, a ministra da Saúde francesa anunciou o cancelamento de 50 milhões dos 94 milhões de doses que esse país tinha encarregado a Sanofi-Aventis, Glaxo-Smith-Kline, Novartis e Baxter. Em dezembro, a Espanha tinha anunciado que se propunha a devolver doses sem usar a vacina. A Holanda e a Suíça planejam enviar o excesso de vacinas aos países nos quais ainda há carência.

Uma das razões é que “todos os programas de vacinação se organizaram sobre a base de fornecer duas doses, mas resultou que só é necessário uma para conseguir a imunização”, conforme explicou o Centro Europeu para o Controle e Prevenção de Doenças.

Fonte:
Instituto Humanitas Unisinos, 

13/01 – OMS sob suspeita
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=28907

16/01 – Influenza dos laboratórios
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=28989

19/01 – Investigada, OMS revê regras de pandemia
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=29101