NOSSA ETERNA HOMENAGEM AO COMPANHEIRO PAULO KAGEYAMA!

A Direção Nacional do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, reunida em São Paulo neste dia 17 de maio de 2016, recebe com profunda tristeza a notícia do falecimento do professor Paulo Kageyama, agrônomo, professor titular da ESALQ-USP, membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e consultor da FAO.

A história do professor Paulo Kageyama é marcada pela dedicação em pensar outra matriz agrária e agrícola para nosso país, levando em consideração a conservação e manejo da grande biodiversidade, consolidando-se como um dos maiores pesquisadores dos bens naturais e da agroecologia. Seu legado científico e político é um marco fundamental para a civilização brasileira.

O prof. Kageyama sempre entendeu que essa biodiversidade é um bem comum dos povos, sendo historicamente conservada pela diversidade do campesinato brasileiro. Seu compromisso com os seringueiros, com os ribeirinhos, com os agricultores tradicionais, garantiu o desenvolvimento de uma teoria articulada com a prática que muito contribuiu para diversas iniciativas populares.

Em especial, desde o início dos anos de 1990 o MST e o prof. Kageyama construíram uma forte parceria para pensar e implementar sistemas produtivos pautados na agroecologia e na soberania alimentar em diversos estados do país. Inúmeras experiências se tornaram referência de práticas como a Agrofloresta e o planejamento territorial agroecológico.

Nos últimos 10 anos o prof. Kageyama, mantendo a coerência de suas posições científicas e políticas, se tornou um dos maiores lutadores contra os transgênicos, denunciando as consequências dessa tecnologia para a destruição da biodiversidade e o envenenamento do meio ambiente e da população. Ressaltamos sua postura combativa na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) onde sempre defendeu os interesses do povo brasileiro frente às empresas transnacionais.

O legado de grandes intelectuais do povo, como o prof. Paulo Kageyama, perdura muito além de suas contribuições em vida. A agroecologia brasileira e a luta pela terra levarão seus aprendizados rumo à construção de um país agroecológico, solidário e socialista.

Kageyama sempre teve convicção de que a questão ambiental passa por um campo democratizado, pela realização da Reforma Agrária e pelo enfrentamento aos grandes grupos econômicos do agronegócio e da mineração que privatizam a terra, a água, a vida e toda natureza.

Para eternizar sua contribuição à luta pela agroecologia e à reforma agrária, o MST através de sua base, no estado da Bahia, decidiu em assembleia no dia de hoje, dar o nome a um assentamento que Kageyama acompanhava no município de EUNAPOLIS-Bahia, com 200 famílias assentadas, de Assentamento Prof. Paulo Kageyama. 

Para os trabalhadores e trabalhadoras sem terra Kageyama é como semente crioula que nunca morre, e sempre se multiplica: em cada latifúndio ocupado, nas escolas que se erguem, nos processos de formação, nas marchas, no plantio das agroflorestas, nas experiências agroecológicas e no movimento do povo de luta em mutirão. Que viva para sempre Kageyama, germinando nos lutadores e lutadoras do povo!!

São Paulo, 17 de maio de 2016

Direção Nacional do MST