Dados oficiais mais confundem que ajudam a explicar; empresas se beneficiam do desencontro dos números
Qual das duas fontes melhor representa a área de milho transgênico na Espanha?
A PESQUISADORA Rosa Binimelis vem procurando dados confiáveis que possam melhor indicar a realidade do plantio de milho transgênico na Espanha, o único cultivo geneticamente modificado autorizado na Europa. Ao comparar os números de duas fontes oficiais do país, o Ministério da Agricultura e o governo regional, a pesquisadora relatou variações de até 66% para um mesmo ano.
Assim como acontece no Brasil, lá também a projeção da área plantada é feita com base no volume de sementes que as empresas declaram haver vendido. Com base nesses dados os ministérios divulgam seus dados “oficiais”. No caso dos governos regionais da Espanha, a outra fonte são os próprios agricultores, que declaram qual variedade plantarão, para fins de acesso a a subsídios da Política Agrícola Comum europeia.
No primeiro caso pode-se imaginar que as empresas teriam interesse em inflar os números a fim de exaltar a adoção de transgênicos, ainda mais em solo europeu. No segundo caso, por algum motivo, os agricultores podem não declarar o tipo de semente adotada.
Fica no ar a confusão, que certamente não beneficia quem planta milho comum, crioulo e/ou orgânico e ainda impõe dificuldades para a fiscalização e a aplicação de regras de coexistência. As empresas agradecem.
– Com informações do Agri/Cultures Project (25/05/2016)
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