Ativistas do Greenpeace interromperam, na manhã de hoje (15/10), a reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – órgão responsável pela liberação de transgênicos – para impedir a liberação do arroz transgênico. O protesto foi endereçado à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que também desempenha a função de presidente do Conselho Nacional de Biossegurança, cargo que dá a ela o poder de vetar qualquer pedido da indústria de transgênico para a liberação de novas culturas transgênicas.

A votação do arroz transgênico foi adiada. No entanto, a comissão aprovou mais uma variedade de algodão da Monsanto e duas de milho – uma da Dow e outra da Monsanto.

Usando uma máscara com o rosto da ministra, uma ativista distribuiu para os membros da CTNBio arroz doce, representando o arroz transgênico. Quatro ativistas vestindo macacões amarelos de proteção seguravam faixas que diziam: “Dilma, veneno no meu prato não.”

O protesto mostrou como a CTNBio ignora a sociedade civil. O presidente da comissão, Walter Colli, ignorou a presença dos ativistas e prosseguiu com a reunião, como se fizesse parte do seu cotidiano dividir a mesa com pessoas fantasiadas de Dilma Roussef e rodeado de ativistas de macacão amarelo.

A liberação do arroz transgênico é um pedido da Bayer, empresa química alemã que produz farmacêuticos, agrotóxicos e sementes transgênicas, entre outros. Se for aprovado, o Brasil será o primeiro país do mundo onde se come arroz transgênico. Por enquanto, a espécie transgênica só é plantada para pesquisa. “Se o arroz transgênico for realmente liberado, a Bayer fará dos consumidores brasileiros uma espécie de cobaia”, diz o coordenador da campanha de transgênicos do Greenpeace, Rafael Cruz.

O arroz seria a quarta cultura transgênica a ser plantada no Brasil. “O resultado de dez anos de cultivo de soja transgênica no Brasil foi o aumento no uso de veneno no campo e mais resíduos nos alimentos. Com o arroz, acontecerá o mesmo. O agravante neste caso é que pela primeira vez vamos ter um transgênico na nossa mesa diariamente”, avalia Cruz.

Os consumidores já se posicionaram contra a liberação do arroz. Mais de 20 mil pessoas assinaram uma petição contra liberação do arroz transgênico da Bayer, organizado pelo Greenpeace.

As plantas transgênicas são uma ameaça à biodiversidade e o problema se agrava com as mudanças climáticas. Com as alterações provocadas pelo aquecimento global, a manutenção de uma grande variedade de plantas é crucial para a segurança alimentar do planeta.

Quanto maior é a diversidade de uma determinada espécie, maiores são suas chances de sobrevivência em condições climáticas adversas. A existência de variedades da mesma planta reduz as probabilidades de pestes e doenças. Em um grupo de plantas diferentes, algumas podem ser atingidas por uma peste e outras não.

Produtores – Em audiência pública promovida pela CTNBio em março de 2009, ficou claro que produtores e pesquisadores são contra o arroz transgênico. Pesquisadores da Embrapa disseram, na ocasião, que a variedade transgênica não traz benefício algum aos produtores. A Federarroz, entidade que representa produtores de arroz do Rio Grande do Sul, que produzem cerca de 70% do arroz brasileiro, ressaltou que o arroz transgênico é um risco para as exportações brasileiras. A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) também se posicionou contrária.

“A contaminação de campos de arroz nos Estados Unidos, por plantas de campos experimentais de arroz transgênico da Bayer, em 2006 gerou um grande trauma no mercado internacional. Ninguém quer o arroz da Bayer no seu campo, nem no seu prato”, diz Rafael Cruz.

O que você come pode salvar o planeta

Nesta sexta, sábado e domingo (de 16 a 18 de outubro) ativistas do Greenpeace irão debater com a população de Belo Horizonte, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Brasília os impactos dos nossos hábitos alimentares no meio ambiente.

Um jogo de dados gigantes será usado pelos ambientalistas para incentivar, de forma lúdica e descontraída, a população a escolher alimentos livres de transgênicos, consumir peixes capturados de forma sustentável e evitar carne de áreas desmatadas.

A programação faz parte das atividades do Dia Internacional da Alimentação, comemorado no dia 16 de outubro.

Fonte: Greenpeace