Correio do Povo, 25/10/2012

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) irá avaliar, na reunião do dia 7 de novembro, o pedido de suspensão do plantio, comercialização e consumo do milho transgênico (NK603), da Monsanto, e de outras cinco variedades que incorporaram a tecnologia. O requerimento é assinado por 30 entidades, entre elas a Associação Nacional dos Procuradores da República e o Instituto Nacional da Defesa do Consumidor, além de movimentos sociais do campo (MPA e MST). O alerta quanto a possíveis ‘danos irreparáveis à saúde humana e à segurança alimentar’ vem um mês após publicação de estudo de pesquisadores da Universidade de Caen, na França, que associa o consumo do grão ao câncer em ratos. O documento, também enviado à Casa Civil, Secretaria-Geral da Presidência, Anvisa e Consea, considera inadmissível que pesquisas de relevância à saúde sejam conduzidas apenas pelas empresas proponentes de pedidos de liberação de transgênicos. A Rússia suspendeu a importação, e a França avalia o tema.

Membro da CTNBio, Leonardo Melgarejo, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, espera que o NK603 seja vetado. Segundo ele, que votou contra a tecnologia em 2008, assim como o Ministério da Saúde, tanto os estudos apresentados na época quanto os disponíveis hoje não são suficientes para atestar segurança ao consumidor. ‘As pesquisas são de curto prazo, não levam em conta o impacto das condições de estresse nas plantas e ignoram os resíduos do herbicida glifosato.’

O presidente da Abramilho, ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, disse que os prejuízos serão enormes caso a suspensão ocorra, já que 90% da safra é transgênica. Procurada, a Monsanto limitou-se a criticar a credibilidade do estudo francês.