O governador do Tocantins, estado da ruralista Kátia Abreu, alega vantagens econômicas para defender o plantio da variedade transgênica, ignorando por completo o desastre que essas sementes estão causando na vizinha Bahia.

A defesa da liberação do algodão transgênico no estado foi apresentado à CTNBio pelo pesquisador da Embrapa Paulo Barroso, ex-membro da distinta comissão.

Em 2005, a mesma Embrapa divulgou parecer afirmando que “o isolamento geográfico entre cultivares é a forma mais eficiente de se evitar cruzamentos [entre variedades transgênicas e nativas de algodoeiro]”. O que de lá pra cá deve ter mudado na biologia reprodutiva da espécie para fazer cair a regra?

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Surgiu, 11/09/2013

O Tocantins aguarda o sinal verde da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para iniciar o plantio de algodão transgênico ainda neste ano. A solicitação para autorização do cultivo foi feita pelo governador Siqueira Campos, visando aumentar a produção do grão no Estado e desenvolver a economia regional. A solicitação já recebeu relatório favorável da Embrapa e o documento será apresentado à Comissão.

Segundo o secretário da Agricultura e Pecuária (Seagro), Jaime Café, com a liberação para o plantio de algodão transgênico, na região do Tocantins que faz divisa com a Bahia, a produção crescerá significativamente. “Se ocorrer como foi na Bahia e no Mato Grosso, a produção de algodão transgênico pode expandir para 10% da área plantada com soja. O que no Tocantins significa 40 mil hectares”, informou o secretário, acrescentando que atualmente a produção de algodão gira em torno de seis mil hectares.

A liberação beneficiará os produtores tocantinenses que terão seus custos com a produção reduzidos. “Somente na parte de agrotóxicos, poderemos diminuir os custos em 20%. Além disso, a produtividade será maior”, afirma Café, já que a planta modificada é mais resistente a pragas, como insetos.

 

Mapa que define as zonas de exclusão do algodoeiro transgênico em função da presença de espécies nativas

 

Proibição

O Tocantins não pode plantar algodão geneticamente modificado por conta de uma zona de exclusão imposta em 2005 pelo Ministério da Agricultura. A medida englobava toda a região Norte e algumas áreas de diversos Estados. O objetivo dessa zona é evitar que espécies nativas e adaptadas sejam contaminadas. Segundo decisão da época baseada em um parecer da Embrapa, “o isolamento geográfico entre cultivares é a forma mais eficiente de se evitar cruzamentos”. Ficou acertado que em todas as safras o zoneamento seria atualizado, com a possibilidade de retiradas ou inclusões de zonas de exclusão.