Globo Rural, 14/01/2010 – A buva, uma erva invasora muito comum na região Sul, está se espalhando pelo país. A planta é resistente ao glifosato, princípio ativo usado, entre outras coisas, no manejo da soja transgênica.
No meio da lavoura há vegetação mais alta, mudando um pouco a paisagem. É a buva. Há duas espécies registradas pelos pesquisadores no Brasil, ambas do gênero conyza: gênero bonariensis e canadenses. As duas são nativas das Américas.
“Uma é da América do Sul. É uma erva daninha que está entre nós. E é uma planta daninha que tem causado muito problema na cultura da soja, na cultura do milho, na cultura do trigo”, explicou Dionísio Gaziero, agrônomo da Embrapa.
Nos últimos anos a buva tem se disseminado bastante. Antes, era restrita ao Rio Grande do Sul. Agora, já é encontrada no Paraná, em Mato Grosso do Sul e em outras áreas do Brasil central.
Na semana passada, o Globo Rural mostrou a situação de lavouras em Dourados, no sul de Mato Grosso do Sul. O agricultor Dirceu Bortolanza cultiva a soja em 280 hectares. Ele já fez duas aplicações de herbicida: uma na fase do pré-plantio e outra na fase do pós-plantio. Mas ele não contava que a praga fosse disputar espaço com o grão.
A buva concorre com as plantas em busca de sol e de nutrientes. Nesta competição, quase sempre acaba ganhando, como explicou o agrônomo. “A buva é uma planta que se dissemina através de sementes. Uma planta chega a produzir cerca de cem a 200 mil sementes, carregadas com muita facilidade pelo vento”, falou Dionísio Gaziero.
A buva se espalha rapidamente e se atingir toda a área plantada pode causar queda de até 70% na produção, dizem os técnicos. Eles afirmam que o controle passa pelo reforço nos cuidados com o manejo e ao primeiro sinal o agricultor deve procurar ajuda especializada.
O maior desafio, segundo o pesquisador, é controlar a erva invasora. Ao longo dos anos, por meio de um processo de seleção natural, a buva tornou-se resistente a produtos químicos com o princípio ativo glifosato.
Para solucionar a questão é preciso combinar dois grupos de herbicidas: o sistêmico, no qual se enquadra o glifosato que circula no interior da planta invasora, com produtos de ação residual, que inibem a germinação de novas sementes. A cobertura de solo e a rotação de culturas também são importantes para por fim ao transtorno.
Segundo cálculos da Embrapa, para combater a buva, o custo de produção da soja aumenta em até quatro sacas por hectare.
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N.E. Ao emitir parecer favorável à liberação da soja transgênica em 1998, a CTNBio afirmou que: “A introdução de cultivares tolerantes ao Glifosate não aumentará a pressão de seleção sobre as plantas daninhas, em termos de concentração do Glifosate (produto/área)”. Sábios doutores…
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