Na última safra o Brasil superou seu próprio recorde, aumentando ainda mais o uso de venenos agrícolas. Na safra 2008/09 nos tornamos o maior consumidor mundial destes produtos, e na safra 2009/10 superamos nossa marca em 7,6%: foram mais de um milhão de toneladas vendidas.
Isso representa nada menos que 5,2 kg de veneno por habitante no Brasil!
Os herbicidas são os campeões absolutos de bilheteria, com um volume de 632,2 mil toneladas. E o glifosato, usado nas lavouras transgênicas RR, segue na liderança do mercado de herbicidas.
Alguns detalhes divulgados pelo Valor (06/05) merecem maior destaque. Segundo o jornal, dados do Sindag (sindicato dos fabricantes de agrotóxicos) indicam que “A soja também foi a responsável pelo aumento no consumo total de defensivos [leia-se agrotóxicos] (…). Os 23,2 milhões de hectares semeados com o grão receberam 530,1 mil toneladas de defensivos, elevando em 18% o volume consumido.”
A soja é a cultura brasileira em que as sementes geneticamente modificadas têm mais presença (embora não haja dados oficiais, estima-se que pelo menos metade da soja brasileira seja geneticamente modificada). Como se pode constatar, a adoção da “moderna biotecnologia” em nada contribuiu para a tão prometida redução no uso de venenos. Muito pelo contrário.
A segunda lavoura transgênica a ser difundida no Brasil foi o algodão — dados (provavelmente superestimados) do ISAAA, fundação financiada pelas indústrias de biotecnologia, estimam a área plantada no Brasil em 145 mil hectares (cerca de 17% da área plantada). E, segundo os dados do Sindag divulgados pelo Valor, “os cotonicultores elevaram a utilização [de agrotóxicos] para 69,6 mil toneladas, 13,8% a mais do que no ano anterior. O aumento no algodão ocorre mesmo com a área plantada tendo se mantido praticamente estável na safra 2009/10 em 836 mil hectares.”
A terceira cultura transgênica a entrar no Brasil foi o milho. Será que pelo menos no milho a promessa de redução de venenos se cumpriu? Nada disso: “A demanda por defensivos [leia-se agrotóxicos] por parte dos produtores de milho ficou praticamente estável em 2009 em 143,7 mil toneladas”. Sim, mas lembremos que esta foi a primeira safra de milho transgênico no Brasil. Nada indica que a tendência de aumento no consumo de agrotóxicos, com o passar de poucos anos, será diferente para o milho com a adoção das sementes modificadas.
Mais ainda, tudo indica que o mesmo se dará com arroz Liberty Link, caso a CTNBio tenha êxito na manobra que planeja para liberar o arroz transgênico da Bayer.
Nossa saúde perece, e a indústria de venenos agradece.
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