Mauro Zanatta para o Valor Econômico, 21/05/2010.
Instalada em meio à polêmica entre cientistas e pesquisadores sobre a liberação do primeiro arroz transgênico no país, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) admite haver divergências entre seus pesquisadores, mas atenua a extensão do conflito acerca de sua posição oficial na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
O diretor-executivo Kepler Euclides Filho admite ser inevitável o cruzamento da variedade transgênica com tipos convencionais e selvagens. “Evidentemente, pode haver divergências em uma empresa, mas não tem oposição. O que houve foi a complementação da nossa posição oficial”, afirma. “Um disse que poderia haver cruzamento com o arroz vermelho. O outro disse que isso é possível, mas que um manejo adequado pode evitar uma catástrofe”.
Na semana passada, vieram à tona as divergências na Embrapa quando o pesquisador Ariano Magalhães Junior contestou, em debate na CTNBio, a posição do colega Flávio Breseghello sobre o potencial de dano embutido na liberação do arroz “Liberty Link”, da Bayer CropScience. Em março de 2009, Breseghello afirmou que o arroz traria risco à segurança alimentar e poderia causar problemas agronômicos ao cruzar-se com arroz selvagem.
Magalhães disse ser possível conter o dano com manejo adequado do arroz transgênico. “Esse cruzamento vai acontecer, é indiscutível. Ninguém está dizendo o contrário. Mas temos que tirar essa mensagem catastrófica e evitar alarme desnecessário”, acrescenta.
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