Mais fácil e mais barato seria investir em diversificação e rotação de culturas. O número de pragas e doenças que afetam a agricultura não pára de crescer, fato que evidencia que as respostas até hoje apresentadas saíram pela culatra.

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Variedade é resistente ao vírus do Mosaico Dourado, que destrói plantações em todo o país

Viviane Cardoso, para o Canal Rural

Brasília, 13/08  |  A Embrapa desenvolveu o primeiro feijão transgênico do mundo. A variedade, resultado de 20 anos de pesquisa, é resistente ao vírus do Mosaico Dourado, que destrói plantações em todo o país.

O produtor Derci Cenci percorre a lavoura em busca da mosca branca. As poucas que escaparam do defensivo ameaçam a plantação. O ritual se repete até as mudas crescerem. Para quem já amargou prejuízos no passado, todo o cuidado é pouco.

— Nós não demos conta de combater a mosca branca, era todo dia, quando vimos a planta estava infestada e tivemos que abandonar 125 hectares de feijão irrigado — diz Cenci.

Ao sugar os nutrientes, o inseto pode injetar um vírus – que deixa as folhas amareladas, deforma as vagens e impede o crescimento da planta. As perdas podem chegar a 100% nas lavouras.

Sabendo das dificuldades que os produtores enfrentam, pesquisadores da Embrapa desenvolveram um feijão resistente ao vírus do Mosaico Dourado. A cultivar já foi testada em campo e agora só falta a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança autorizar a comercialização.

Os pesquisadores pretendem entregar o pedido à CTNBio até novembro e esperam que em 2012 as novas sementes já estejam disponíveis no mercado.

— Nós temos testado, nos últimos cinco anos, em três regiões: nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Paraná, e temos feito avaliações agronômicas. Temos comprovado que essas plantas têm sido imunes a doenças do campo e temos avançado no programa de melhoramento e de biossegurança — explica o pesquisador Josias Farias.

Especialista em Meio Ambiente, este agrônomo reconhece a importância da descoberta. Mas recomenda cautela.

— É uma questão que deve ser tratada com muito critério, muito cuidado, tanto do ponto da segurança ambiental quanto alimentar também e da saúde das pessoas — diz o agrônomo Thomas Ludewigs, da UnB.