Preço da semente transgênica e royalty achatam margem de lucro

Cícero Faria  |  Correio do Estado (MS), 06/10/2010.

Os custos de produção da cultura da soja convencional para a safra 2010/2011 estão em média 7,7% menores que os da safra 2009/2010 e 29,1% menores que os da safra 2008/2009. Na soja transgênica, os custos da safra 2010/11 estão 9,4% menores que os da safra 2009/10 e 29,6% menores que os da safra 2008/09.

Esses são alguns dos números do estudo Estimativa do Custo de Produção de Soja no Sistema Plantio Direto, Safra 2010/11 para Mato Grosso do Sul, elaborado pelo economista e pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Alceu Richetti.

Ele destacou que a semente, tanto na soja convencional (-23,3%) quanto na soja transgênica (-17,3%), é o componente do custo que teve a maior redução em relação à safra 2009/2010.

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As informações de preços de insumos, serviços e máquinas foram coletadas em julho deste ano. Os componentes do custo contidos nas tabelas refletem os sistemas de produção em uso pelos produtores de soja na diferentes regiões de Mato Grosso do Sul.

As estimativas de custo consideram dois sistemas de produção. Os da soja convencional foram estimados em R$ 1.187,60 e da soja transgênica (RR) em R$ 1.219,86. As despesas com a soja geneticamente modificada é maior porque a semente transgênica é mais cara, além do pagamento da taxa (royaltie) sobre a semente que é de R$ 0,30 por quilo.

Richetti explicou que, dentre as operações agrícolas destaca-se a do plantio que corresponde a 44,6% na soja convencional e 47,2% do custo de produção na transgênica. Esta operação engloba a semente, o tratamento da semente, inoculação, adubo, micronutriente e hora/máquina. “Este percentual indica que o produtor deve dar atenção especial a esta operação, pois a semeadura realizada de forma errada ou em época desfavorável poderá acarretar prejuízos enormes”, alertou o economista.

Individualmente, os itens que mais oneram o custo de produção são fertilizantes, sementes, fungicidas e herbicidas. Os fertilizantes que na safra passada representavam, em média, 23,7% do custo total, nesta safra têm um impacto médio de 23,3%, indicando a sua estabilidade no preço.

As sementes também apresentaram redução de sua participação no custo. Na safra passada, o custo da semente convencional representava 9,6%, enquanto na safra 2010/2011 caiu para 7,9%. Já a semente da transgênica diminuiu sua participação, sendo de 12,4% em 2009/2010 e de 11,3% em 2010/11. Neste cálculo não foi levado em consideração o royatie cobrado sobre a semente RR, que representou 1,6% do custo total.

Outros insumos

Os fungicidas que na safra passada representavam, em média, 5,9% do custo total, nesta safra têm um impacto médio de 5,5%. Já os inseticidas mantiveram sua participação estável em 2,1%. Os herbicidas que na safra anterior representavam 6,3% do custo total na soja convencional reduziram sua participação para 5,2% na safra 2010/2011. Na soja transgênica, os herbicidas reduziram ainda mais sua participação, passando de 5,4% para 2,8% na safra 2010/2011.

Rendimento

Ainda de acordo com o levantamento de Richetti, a produtividade média esperada, conforme os sistemas de produção praticados no Estado, é de 3.000 quilos/ha, resultando em um custo variável médio por saca, de R$ 16,26 e total médio de R$ 23,75 para a soja convencional e de R$ 16,97 e de R$ 24,40 para a transgênica.

Foram analisados diversos cenários de preços para comercialização da soja na próxima safra, ficando estabelecido que o preço base fosse estimado em R$ 30 por saca. A partir deste patamar, haveria alterações de 5%,10% e 20% a mais e 5% a menos, tanto para a soja convencional quanto para a soja transgênica. Desta forma, a margem líquida para o produtor oscilaria entre R$ 237,40 a R$ 612,40 por hectare de soja convencional e na soja transgênica ficaria entre R$ 205,14 e R$ 580,14.

A produção de cobertura, que indica a quantidade produzida para cobrir todos os custos na soja convencional, variou entre 33 sacas/ha, quando o aumento do preço da saca de soja foi de 20% a mais, a 41,7 sacas quando o preço foi reduzido em 5%. Na soja transgênica, esses valores foram, respectivamente, de 33,9 a 42,8 sacas/ha.

“Na presente safra, embora o preço estimado para a saca de soja seja baixo, a margem líquida do produtor é altamente positiva”, afirmou Alceu Richetti. Mas, cabe ao produtor tomar a decisão de cultivar soja convencional ou transgênica. Mas, mencionou que produzir soja convencional é mais barato e algumas cerealistas e trandings fornecem bônus na compra de grãos convencionais, em geral exportados para paises europeus.

Links:

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/saem-numeros-oficias-do-custo-de-um-hectare-de-soja-em-ms_78490/

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/soja-transgenica-tem-a-semente-mais-cara_78491/