As empresas venderam falsas promessas e tiraram as sementes convencionais do mercado; os doutores da CTNBio garantiram a tecnologia, enquanto seus críticos foram desacreditados. Os resultados estão aí: pragas resistentes, uma tecnologia que não funciona, mais inseticidas e maior custo de produção. Quem assume a fatura?

::

O PARANÁ, 01/12/2012

O excesso de sementes transgênicos nas lavouras de milho e o papel do agricultor nos cuidados com o cultivo encabeçaram as discussões na tarde desta sexta-feira na sede da Areac (Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel). O Simpósio Biotecnologia na Cultura do Milho contou com a presença de dezenas de produtores rurais, que puderam trocar experiências e debater com especialistas os desafios e estratégias para o aumento da produtividade.

As discussões despontam em um momento de preocupação de muitos produtores, pois, após o plantio do milho no fim de setembro, muitas áreas que deveriam ter suportado o ataque de pragas nesses dois meses apresentaram quebra de resistência. O presidente da Areac, Milton Locatelli, explica que os prejuízos se dão em virtude do excesso de transgênicos e que é preciso em simpósios como este dimensionar os problemas para definir uma estratégia de manejo adequado.

“Se todos os agricultores resolverem plantar milho transgênico, isso irá criar uma praga resistente à biotecnologia e todo aquele trabalho de pesquisa se perde. Na área de refúgio, o agricultor ainda deverá continuar plantando o milho tradicional para que os insetos que não são resistentes se desenvolvam ali e, cruzando com aqueles resistentes em áreas de milho transgênico, os novos insetos serão vulneráveis. Estamos debatendo aqui um assunto técnico para preservar a tecnologia”, afirmou Locatelli.

Outro desdobramento do simpósio foi a discussão sobre a participação do agricultor no acompanhamento da lavoura. Para Milton, o produtor não deve se tornar refém da tecnologia. “O que evita que a lagarta coma milho é uma proteína que a planta sintetiza. Em dias nublados, sem insolação, a planta não tem proteína desenvolvida e a lagarta começa a comer. Depois que atinge certo estágio, não morre nem com veneno. Então o agricultor tem que observar e aplicar inseticida”, resumiu o presidente da Areac.