Piracicaba contratou empresa que modifica geneticamente inseto.

Município é o 1º do estado de São Paulo a utilizar essa tecnologia.

[só ainda não foi comprovada a eficácia nem a segurança da tecnologia; dados apresentados pela empresa mostram apenas redução no número de mosquitos no ambiente]

G1, 02/03/2015

Uma linhagem do mosquito Aedes Aegypti geneticamente modificada, que não pica nem transmite a dengue [desde que fêmeas não sejam liberadas também, fato que acontece segundo dados da própria empresa], será espalhada em Piracicaba (SP) como forma de combate à doença. O projeto contratado pela Prefeitura e batizado de ‘Aedes do Bem’ prevê a liberação de filhotes machos produzidos em laboratório no bairro Cecap, onde há maior incidência de casos. O município é o primeiro do estado de São Paulo a utilizar a estratégia, que começou a ser apresentada aos moradores na manhã desta segunda-feira (2). O objetivo é a redução do número de mosquitos transmissores, já que as crias dos “transgênicos” com as fêmeas selvagens não chegarão à fase adulta.

O ‘Aedes do Bem’ ainda terá uma espécie de identificador. “Além da liberação dos mosquitos que vai causar a morte da prole, teremos um marcador fosforescente que nos permitirá identificar os insetos geneticamente modificados”, afirmou o coordenador do projeto Guilherme Trivellato, da empresa Oxitec do Brasil, contratada para desenvolver a experiência.

“Assim, a partir do monitoramento dos ovos, com as armadilhas no campo, consigo trazer de novo o mosquito para o laboratório e saber se ele é selvagem ou é o Aedes do Bem. Isso nos permite saber qual área ele percorreu, o quanto se deslocou e o quanto persistiu no ambiente”, disse.

O mosquito transgênico vive de 2 a 4 dias. Para que não cheguem à fase adulta, eles são criados com uma disfunção genética. De acordo a Oxitec, serão soltos em Piracicaba entre 1 milhão e 2 milhões do inseto modificado semanalmente, uma média de 100 a 200 mosquitos por habitante do município.Um trabalho semelhante já foi realizado na Bahia, em cidades como Jacobina e Juzeiro, onde a redução na quantidade do Aedes Aegypti selvagem chegou a 90%. Trivellato disse que no bairro Pedra Branca, em Jacobina, a diminuição do mosquisto transmissor da dengue ultrapassou esse índice. “O resultado não é pontual, a redução se mantém por semanas nas áreas em que a estratégia é aplicada”, afirmou.

Mosquitos machos modificados não picam e esterilizam fêmeas transmissoras - Piracicaba (Foto: Reprodução/EPTV)
Filhotes de mosquitos modificados não chegam à fase adulta (Foto: Reprodução/EPTV)

Custos

A Prefeitura de Piracicaba contratou por R$ 150 mil o projeto do ‘Aedes do Bem’. A administração municipal afirma que já gasta, anualmente, de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões em ações de combate à dengue nas ruas. O município registrou neste ano um aumento de 281% nos casos da doença.